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Medicina

Asma: o que pode influenciar uma crise?


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No último domingo (25), a escritora, roteirista, atriz e apresentadora de TV, Fernanda Young (49 anos), passou por uma crise de asma seguida de parada cardíaca e não resistiu. A morte precoce trouxe à tona a importância dos cuidados com a asma, doença crônica que afeta cerca de 6,4 milhões de brasileiros adultos, segundo o Ministério da Saúde (MS).

P U B L I C I D A D E

Para piorar, o Brasil também passa por queimadas na região Norte, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul há cerca de três semanas ininterruptas, que já causaram perda de 20 mil hectares de vegetação. Além dos prejuízos à fauna e à flora locais, as diversas partículas expelidas na fumaça podem trazer severas complicações à saúde, principalmente de pessoas asmáticas.

De acordo com informações do G1, somente no Hospital Infantil Cosme e Damião, em Rondônia, uma das áreas afetadas pelos incêndios florestais, foram registrados 380 atendimentos de crianças com problemas respiratórios nos 10 primeiros dias desde o início do fogo.

O Sempre Bem reuniu algumas informações e falou com a pneumologista Aline Tavares e com o presidente da Sociedade Cearense de Pneumologia e Tisiologia (SCPT), Ricardo Coelho, para entender mais sobre o assunto. Confira!

A asma

A asma é uma doença respiratória crônica que se caracteriza por falta de ar, dificuldade de respirar, sensação de aperto no peito, e respiração curta e rápida. Ela é uma das doenças mais comuns do sistema respiratório, juntamente com a rinite alérgica.

Os sintomas da asma costumam piorar nas primeiras horas do dia e à noite. Além disso, outras condições, como poluição ambiental, mudanças climáticas, entre outros, influenciam a doença.

A asma não tem cura, mas é possível controlar com o tratamento adequado. Estão disponíveis métodos que melhoram muito os sintomas e proporcionam o controle e estabilização da doença. Com o acompanhamento médico regular, a maioria das pessoas com asma consegue manter uma boa qualidade de vida.

Crises de asma

A pneumologista Aline Tavares explica que as crises de asma podem durar de minutos a dias e podem se tornar perigosas e até letais se o fluxo de ar estiver muito restrito. Caso a crise esteja mais forte que o normal, é ideal procurar um serviço de emergência.

“A crise pode ser desencadeada por má adesão ao tratamento e gatilhos, que são representados pela exposição à poeira, infecções virais, ácaros, pólen, pelo de animais, fumaça, irritantes químicos e poluição ambiental, mudanças climáticas, exercícios físicos vigorosos, estresse emocional e até mesmo alguns tipos de medicamentos”, enumera a profissional.

Causas

Existem vários aspectos ambientais e genéticos que podem causar ou agravar essa doença pulmonar. Para Aline, “alguns gatilhos apenas pioram os sintomas, e outros pioram também a inflamação dos brônquios. Em todos os casos, é preciso reduzir a exposição aos fatores desencadeantes/agravantes da asma”. Conheça alguns:

Fatores ambientais

Poeira,Ácaros, Fungos,Barata,Variação climática,Infecções virais

Fatores genéticos

Histórico familiar de asma ou rinite,Obesidade (pessoas com sobrepeso têm mais chances de desenvolver processos inflamatórios, como a asma)

Classificação da gravidade

A asma tem quatro graus de gravidade, que podem evoluir ou regredir. São eles:

intermitente, persistente leve, persistente moderado e persistente grave. O intermitente é o grau mais brando, com sintomas leves e pausados, e se manifesta em até dois dias por semana e até duas noites por mês.

A classificação da gravidade pode progredir até o mais forte, quando é considerada asma grave. Nesse caso, ocorrem sintomas persistentes ao longo do dia, frequentemente durante a noite e várias vezes por semana.

Quando a asma é fatal?

Dados da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) apontam que as crises de asma causam entre 1,5 mil e 2 mil mortes todos os anos. Para Ricardo Coelho, presidente da SCPT, esse número é “expressivo e inaceitável”.

A afirmação do especialista parte da clareza quanto à eficácia dos recursos terapêuticos disponíveis. “Na imensa maioria das vezes, o controle medicamentoso e ambiental da doença consegue evitar as crises graves e/ou mudar o desfecho de uma crise fatal”, alerta o profissional.

No entanto, Ricardo afirma que alguns aspectos contribuem para as altas taxas de mortalidade por asma, como o paciente não reconhecer a importância da doença, a dificuldade de se manter um bom controle do ambiente, pilar fundamental no tratamento, o difícil acesso ao sistema de saúde, entre outros.

Então, a dica é ficar atento à terapia indicada e a possíveis complicações clínicas, como gripe, febre e pneumonia, que fragilizam ainda mais as defesas do organismo. Afinal, quando o tratamento não é feito da maneira correta e a crise se intensifica, a asma pode levar à morte, sim!

Sintomas da asma

A asma tem sintomas que podem ser confundidos com os de outras patologias. Por isso, é sempre indicado buscar ajuda médica para um diagnóstico mais seguro. Os principais sinais da asma são tosse seca, chiado no peito, desconforto torácico, dificuldade de respirar e ansiedade.

Além disso, essa doença respiratória pode ocasionar diversas complicações, de leves a graves. Conheça as principais:

Insônia,Tosse ,persistente, Menor capacidade de praticar atividades físicas,Alterações no funcionamento dos pulmões, Dificuldade extrema de respirar (pode precisar de ventilação)Hospitalização por causa de crises severas, Morte.

Asma x Poluição Ambiental

Sobre a fumaça expelida pelos incêndios na floresta amazônica e no Pantanal Mato-Grossense, Ricardo Coelho explica que são muito prejudiciais à saúde.

“A fumaça contém partículas sólidas e gases tóxicos que são inalados e ambos estão associados à inflamação e lesão dos brônquios e bronquíolos, locais mais comprometidos pela asma”, ressalta. Como esse material é muito pequeno, ao ser aspirado, ele pode atingir as porções mais profundas do pulmão.

Aline Tavares completa: “a fumaça da queima de biomassa, a fumaça do cigarro e a poluição ambiental podem descontrolar a asma, desencadear uma crise e ocasionar outros tipos de doenças respiratórias”. Além disso, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a poluição ambiental está associada ao aumento da mortalidade por doenças cardio e cerebrovasculares.

Asma e parada cardíaca

De acordo com Aline, a crise de asma compromete o fluxo de ar devido ao broncoespasmo ocasionado, dificultando assim a oxigenação do sangue e a expiração do gás carbônico.

A profissional também revela que “a causa da morte por asma é asfixia em quase todos os casos. Caso a crise seja grave, o paciente pode evoluir para uma parada respiratória e, após, para uma parada cardíaca. O tratamento de urgência adequado deve ser prontamente administrado para evitar o óbito” ressalta Aline.

Asma e Coronavírus

Uma pessoa quando está com crise de asma sente muita dificuldade de respirar e isso é um fator importante para o coronavírus, uma vez que a asma, em atividade, restringe as vias aéreas. O grande problema é quando o novo coronavírus causa infecção pulmonar, porque isso leva à inflamação, e quem já tem problemas respiratórios, como a asma, pode ter complicações mais graves e chegar ao óbito. Quem tem asma precisa redobrar os cuidados com o uso da máscara e higiene das mãos com água e sabão e álcool em gel.

Tratamento

O tratamento da asma tem o objetivo de proporcionar mais qualidade de vida aos pacientes, a partir do controle dos sinais e do melhoramento da função pulmonar. Para tanto, é necessário o tratamento com medicamentos, associado a medidas de controle dos agentes causadores de crises asmáticas.

Somente o médico pode indicar a melhor terapia de acordo com o caso. O tratamento é definido a partir dos sintomas, histórico clínico e da avaliação funcional de cada pessoa. Normalmente, são recomendados remédios para alívio rápido dos incômodos e outros para controle da crise.

Segundo informações do MS, a base do tratamento da asma persistente é o uso continuado de medicamentos com ação anti-inflamatória, sendo a bombinha (com corticosteroides inalatórios) a principal. Medicação com efeito broncodilatador também pode ser usada para proporcionar alívio. Além disso, a terapia tem ajustes para que o controle da doença seja feito com as menores doses, a fim de reduzir o potencial de efeitos adversos.

De qualquer modo, é necessário diminuir a exposição aos elementos desencadeantes ou agravantes da asma.

Tratamento não medicamentoso

Uma parte importante da terapia é feita sem custo e deve integrar todas as fases do atendimento. A educação do paciente leva em consideração aspectos culturais e fornece conhecimento sobre a doença, bem como as medidas para diminuir a exposição aos elementos que a desencadeiam.

“A asma é uma doença que tem tratamento e as medidas educativas podem também reduzir o seu impacto na saúde. Mais de 90% da população brasileira que tem asma não tem sua doença totalmente controlada. Cerca de metade dos pacientes não aderem ao tratamento regular de manutenção, mesmo com a medicação fornecida gratuitamente”, destaca Aline.

Prevenção

A asma é uma inflamação dos brônquios sem uma causa aparente, mas algumas medidas simples podem controlar as crises e até prevenir que elas aconteçam.

Mantenha o ambiente limpo. Evite acúmulo de sujeira ou poeira. Tome sol. A vitamina D está relacionada a uma série de doenças do aparelho imunológico, como a asma. Evite cheiros fortes. Tome a vacina da gripe. Não fume e evite ambientes fechados com pessoas fumando. Use agasalho, principalmente na época de frio. Pratique atividades físicas regularmente, mas evite praticá-las ao ar livre em dias frios. Evite a baixa umidade ou exposição em dias com muita poluição. Tenha alimentação saudável. Beba bastante água. Mantenha o peso ideal. Alguns estudos mostram que pacientes obesos asmáticos, que reduzem o peso, obtêm uma melhora na função pulmonar, nos sintomas, morbidade e na condição de vida.

E não esqueça! Aos primeiros sinais de crise de asma, é ideal procurar um médico.

 

 

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