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Amostras coletadas em macacos flagrados agonizando em floresta no Acre são enviadas para laboratório no Pará


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As amostras coletadas em macacos que foram flagrados passando mal, ofegantes e caindo de cima de uma árvore, foram enviadas para o Instituto Evandro Chagas, em Belém, para análise. Não há previsão para que o laudo com a confirmação da causa da morte dos animais fique pronto.

P U B L I C I D A D E

O chefe do Núcleo de Zoonoses da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), Francisco Euzir da Costa, informou ao G1 que as amostras foram inicialmente enviadas ao Laboratório Central de Saúde Pública do Acre (Lacen) e, de lá, para o laboratório no Pará, que é referência.

“Nós só vamos ter alguma informação sobre o resultado quando o instituto fizer a análise das amostras do material que foi enviado. Só a partir dessa análise é que vamos ter certeza do que aconteceu, mas a gente suspeita, pelas características clínicas dos animais, que tenha sido febre amarela. No entanto, não podemos afirmar sem essa prova laboratorial”, informou Costa.

Flagrante feito por produtor

As imagens dos animais foram gravadas pelo produtor rural Ruan Vitor, de 30 anos, que andava por uma floresta na zona rural de Plácido de Castro, no interior do Acre, quando se deparou com a situação.

Achando que os animais estivessem feridos, o produtor gravou vídeos mostrando os macacos agonizando no chão. As imagens foram feitas no fim de semana e chegaram até o Núcleo de Zoonoses, que enviou uma equipe até a cidade para investigar o caso na segunda (15).

Foram enviados três veterinários, sendo dois do Núcleo de Zoonoses do Acre e outro do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf), além de uma bióloga da Sesacre.

Ao chegar na cidade, os profissionais se juntaram a servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da saúde municipal, e Ruan Vitor. O produtor levou a equipe até o local.

“Quando chegamos no local, encontramos dois animais mortos, já em estado de decomposição avançado, os demais macacos que aparecem no vídeo já não estavam mais lá”, contou Costa.

Suspeita de febre amarela

Após a circulação do vídeo do caso dos animais, a Sociedade Brasileira de Primatologia se manifestou em uma nota, enviada ao G1 na terça-feira (16), e informou que a suspeita inicial é de que se trata de infecção pela febre amarela, que é uma doença endêmica na região.

No documento, também assinado pela Sociedade Brasileira de Mastozoologia, pela Universidade Federal do Acre (Ufac), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pelo instituto for Zoo, as instituições destacam que não há evidências de que se trate de um caso relacionado à Covid-19 e citam que a febre amarela é endêmica da região.

Ao G1, a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia, Zelinda Hirano, falou sobre a preocupação dos especialistas com as possíveis interpretações com relação ao vídeo. Ela informou que os Bugios, conhecidos no Acre como Capelões, são animais sensíveis à febre amarela e que acabam atuando como sinalizadores dessa doença em regiões.

Conforme a nota, a Coordenação-Geral de Vigilância de Arboviroses do Ministério da Saúde (CGARB/SVS/MS) e o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio/CPB) estão cientes e investigando o caso, conforme procedimentos técnicos e legais estabelecidos.

“Isto inclui a verificação do histórico, coleta dos materiais biológicos necessários e sua destinação à Rede de Laboratórios de Referência do Ministério da Saúde. Cabe ressaltar que não há evidências de que se trate de um caso relacionado à COVID-19. Além disso, a febre amarela é endêmica da região e o vírus causador dessa doença está em período de maior circulação, portanto, essa é a suspeita inicial”, diz a nota.

Ainda segundo o documento, os primatas também são vítimas de doenças e são “maiores sentinelas para a saúde humana”. Por isso, segundo a Sociedade, esses animais não devem ser afugentados, agredidos ou mortos. O recomendado é que a população não entre em contato, nem alimente os animais, tanto para proteção deles, como dos homens.

Produtor está isolado em casa

Com medo de ter se infectado com alguma doença, Vitor passou em um igarapé, se lavou e seguiu para casa. Ele contou que enviou os vídeos para alguns familiares e foi alertado que aquilo não era comum.

Preocupado, o produtor contou que decidiu ficar isolado em casa sem contato com os demais familiares. O G1 tentou contato com o produtor nesta sexta-feira (19) para atualizar a situação, mas não obteve sucesso até última atualização desta reportagem.

“Tanto a cachorra como eu estamos isolados sem contato com outras pessoas. Estou bastante preocupado com isso, mas não foi imprudência minha ter tocado nos macacos, mas, se for para analisar, a gente que é acostumado a andar no mato não costuma ver esse tipo de coisa. Já imaginei que fosse algo comum. Mas, no momento que percebi que não era comum, me afastei e tendo os devidos cuidados”, relatou.

G1

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