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Mato Grosso

Alta Floresta, a Ponte sobre o Rio Juruena e a Rota do Pacífico


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 Prezado(a) Leitor(a), o título desse artigo deve ter-lhe causado estranheza, talvez espanto. Não só a V.Sa., mas provavelmente a 95%, se não mais dos leitores que me concedem a honra e a felicidade de lerem meus artigos.

P U B L I C I D A D E

         Todavia, o assunto da ponte sobre o Rio Juruena é importante, muito importante, como espero, no final deste artigo, ter mostrado e provado a V.Sa. Para mim, este artigo, além de ser um dos mais importantes de minha vida, deverá também se constituir em ponto de partida para o habitante do Nortão tomar conhecimento de Alta Floresta como centro, não só da Rodovia da Rota do Pacífico, da qual falarei mais adiante, mas também do Brasil novo, que nasce com essa rota, deixando para trás, como ultrapassado, o Brasil de hoje, todo voltado para a BR-163, via Sinop-Miritituba-Belém-Oceano Atlântico.

         Nos seus setenta e sete anos de existência, isto é, desde 1943, o Norte de Mato Grosso, o chamado Nortão, devagar e em silêncio, quase em segredo, dividiu-se e separou-se em dois mundos, diferentes, ignorados e quase adversários um do outro, cada um com sua Estrada, única, sua Rota, para transporte tanto de seu progresso quanto das pessoas, grãos, gado, minério, madeira e de tudo que a vida exige: o primeiro mundo é do lado de lá do Rio Juruena, com a Estrada, isto é, a Rota que nasce em Aripuanã-Colniza e daí desce para Juara, Brasnorte, Tangará da Serra, Cuiabá e acaba em Paranaguá, no Oceano Atlântico. O segundo mundo é do lado de cá do Rio Juruena, com a Estrada, isto é, a Rota que nasce em Nova Bandeirantes, passa em Alta Floresta, Nova Santa Helena, sobe para Miritituba e acaba em Belém, no Oceano Atlântico.

         A distância da primeira Rota, de Colniza a Paranaguá, é de 2.849 quilômetros enquanto a distância da segunda Rota, de Nova Bandeirantes a Belém, é de 2.191 quilômetros; a diferença de distância entre as duas estradas, por terra, é de 658(seiscentos e cinquenta e oito) quilômetros e é, por isso, que a Rota de Miritituba-Belém, a da BR-163, já começou e tende, logo, a transferir para si o transporte da Rota de Colniza-Cuiabá-Paranaguá. Contudo, prezado(a) Leitor(a), se se pretender, ou exportar produto ou levar pessoas, para a China e a Ásia, além da diferença de 658 quilômetros, por terra, terá de ser acrescentado uma viagem, por mar, de 4.705 quilômetros de Paranaguá a Belém. Assim sendo, a diferença entre a primeira e a segunda Rota passará a ser de 5.363 quilômetros.

         Tudo do primeiro mundo do Nortão, de Colniza a Paranaguá, como transporte, comércio, saúde, correio, empresários, Faculdades, ônibus, carros, carretas, enfim tudo do primeiro mundo do Nortão acaba caindo em Cuiabá, transformado assim naturalmente no centro e no eixo do Nortão que vai de Aripuanã-Colniza a Cuiabá.

         Tudo do segundo mundo do Nortão, que é o lado de cá do Rio Juruena, pelo contrário: 1.° – não recebe nenhum transporte do lado de lá do Rio Juruena; 2.° – não recebe nenhum comércio de lá; 3.° – não recebe correio de lá: para eu mandar uma carta a Colniza, ela sai de Alta Floresta, vai até Cuiabá e de lá, pela Rota Colniza-Cuiabá, sobe até Colniza; 4.° – não existe atendimento de saúde porque não existe transporte, nem de gado, nem de grãos e muito menos de pessoas doentes; 5.° – não existe comunicação, nem de conversas e nem de negócios, de empresários e empresas entre os dois Nortões; 6.° – Faculdades de Alta Floresta são coisas desconhecidas do lado de lá do Rio Juruena, uma vez que só frequentam Faculdades de Juína, Sinop e Cuiabá; 7.° – ônibus, carretas, enfim tudo entre os dois Nortões constitui assunto que não faz parte de nenhum programa, nem das conversas, nem das escolas e nem da sociedade do lado de lá do Rio Juruena.

         Para se ter ideia do que estou falando, cito um fato, para mim estarrecedor: “Hoje, em pleno ano de 2020, entre os dois Nortões, só existe um único meio de comunicação: uma balsa, sobre o Rio Juruena que, de cada carro, cobra R$ 100,00 e de uma carreta R$ 156,00 para a travessia de uma hora e meia do rio, que mede dois quilômetros e meio de largura”.

         Todavia, os tempos mudaram e mudam sem parar e, com eles, também o mundo do lado de lá do Rio Juruena. A História do Nortão e do Brasil indica, inexoravelmente, que o movimento da Estrada para Cuiabá-Paranaguá vai desabar, como, aliás, já começou a desabar drasticamente em favor do mundo do lado de cá, de Alta Floresta via Miritituba-Belém. Por quê? Por seis motivos: 1.° – o transporte de tudo dos dois Nortões, com seus 658 quilômetros a menos do lado de cá, tende a ser para sempre e cada vez mais pela Via Brasil, de Alta Floresta a Nova Santa Helena e pela BR-163, via Miritituba-Belém-Oceano Atlântico; 2.° – o Nortão, com seus ainda 1.200.000 hectares de terras férteis para ser lavoura, começou a multiplicar assustadoramente seus mares de soja e seus imensos silos de grãos, chegando ao ponto de o Dr. Aziel Bezerra de Araújo, atual Prefeito de Alta Floresta me dizer que o Nortão tem ainda tantas terras férteis para produzir soja igual à Argentina e deve mesmo ser verdade, pois, uma só fazenda, a Fazenda Vaca Branca, me repetem, tem 12(doze) quilômetros de soja dos dois lados da estrada; 3.° – logo mais, vai chegar o asfalto de Carlinda a Matupá, com a ponte sobre o Rio Teles Pires, encurtando, só de ida, mais 101 quilômetros no transporte de soja e grãos para Miritituba; 4.° – a Nexa Resources, multinacional do Grupo Votorantim, mineradora de zinco, cobre, prata, ouro e chumbo, “líder na produção de zinco na América Latina”(“Valor Econômico”, 30-10-2018), uma das maiores empresas do mundo na produção de minérios, já se instalou num imenso terreno de Aripuanã, gerando 1.600 empregos e, com a ponte sobre o Rio Juruena, terá suas centenas de caminhões trafegando direto por Alta Floresta-BR-163; 5.° – o transporte de grãos e de tudo, produzido, até hoje, no noroeste de Mato Grosso, como em Campo Novo do Parecis, Brasnorte e Juara, com a diferença de 759 quilômetros (658 km da BR mais 101 km de Carlinda a Matupá), também acabará sendo atraído e feito pela Via Brasil-BR-163; 6.° – já existe, em parte, uma estrada transcontinental, chamada de Rota do Pacífico, que parte de Lima, capital do Peru, onde é constituída pela Transoceânica Peruana, já asfaltada e continuada, no Brasil, pelas estradas do Estado do Acre e depois de  Rondônia, entrando em Mato Grosso pela MT-208 que passa por Panelas, Colniza, ponte sobre o Rio Juruena, Alta Floresta e espraia-se pelo Estado de Tocantins e Brasília, lembrando que de Lima a Alta Floresta são 3.741 km e 65 horas de viagem.

         A Rota do Pacífico foi projetada e continua sendo construída em linha reta a fim de assumir todo o transporte do Brasil e, em consequência, substituir a BR-163 via Sinop-Miritituba-Belém que, em linha curva, com o dobro da quilometragem da Rota do Pacífico: 6.447 km (2.147 km de Alta Floresta a Belém por terra mais 4.300 km de Belém ao final do Canal do Panamá) e com o dobro em demora: 144 horas(37 horas de Alta Floresta a Belém mais 107 horas de Belém ao final do Canal do Panamá) da Rota do Pacífico, entra no Oceano Atlântico e atravessa o Canal do Panamá, onde paga pesada taxa e longa fila de espera, a fim de conseguir chegar ao Oceano Pacífico, sem porto, ao contrário de Lima, porto importante e início da Rota do Pacífico. Como se pode ver e concluir, o futuro próximo é todo a favor tanto da construção da ponte sobre o Rio Juruena quanto do progresso e crescimento de Alta Floresta que, através da Rota do Pacífico, pode e, se tiver políticos capazes, deverá assumir papel de liderança, semelhante ao que hoje Sinop tem na BR-163 via Miritituba.

         Prezado(a) Leitor(a), sintetizando este artigo, são quatro grandes rotas ou estradas: 1.ª – a Rota Colniza-Cuiabá-Paranaguá, (azul no mapa), de 2.520 km e 41 horas de viagem; 2.ª – a Rota Alta Floresta-Belém, (verde), de 2.147 km e 34 horas; 3.ª – a Rota Alta Floresta-BR-163-Belém-Canal do Panamá, (preto), de 5.147 km e 112 horas; 4.ª – a Rota do Pacífico, (vermelho), de Lima a Alta Floresta, de 3.741 km e 65 horas.

         Conclusão final: com os fatos e relatos até aqui expostos, espero, como disse no início deste artigo, ter “mostrado e provado” para V.Sa., prezado(a) Leitor(a), não só mais uma fonte imensa do já vertiginoso progresso e crescimento de Alta Floresta, mas principalmente a importância da Ponte sobre o Rio Juruena, porta de entrada para a redenção do Nortão do lado de lá, trazendo-o para ser, realmente e não só em teoria, Nortão que, assim, pela primeira vez, na História de seus setenta e sete anos, passará a ser, em totalidade e não só em parte e no papel, “o Nortão, o Norte” do Estado de Mato Grosso.

Prof. Dr. José Antonio Tobias

Diretor Geral…………..

Faculdades de Alta Floresta

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