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Agricultora poliniza rosas do deserto com palito de dentes e garante renda extra em Porto Velho


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Um palito de dentes, o amor pelas plantas e um toque de curiosidade fizeram com que a agricultora Lídia Varini, de 44 anos, transformasse a compra de uma rosa do deserto em fonte de renda extra para a família. Realizando a polinização de modo manual, utilizando um palito de dentes, ela conseguiu obter novas sementes, e começou a comercializar a planta.

P U B L I C I D A D E

O viveiro existe há pouco mais de oito meses e fica nos fundos da propriedade onde Lídia mora, localizada a cerca de 30 km de Porto Velho. O local faz parte de um dos sete reassentamentos onde foram realocadas as famílias que tiveram que desocupar as áreas para a construção da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio.

Viveiro já possui cerca de mil mudas (Foto: Cássia Firmino/ G1)

Viveiro já possui cerca de mil mudas (Foto: Cássia Firmino/ G1)

Na propriedade de cerca de 10 hectares, a família também realiza o cultivo de verduras pelo sistema de hidroponia (as raízes ficam dentro da água, sem a necessidade do solo), mas foi nas flores que a agricultora descobriu uma nova forma de aumentar a renda familiar.

“Eu vi uma vagem (aonde estão contidas as sementes) da planta no chão, dai fiquei curiosa, fui procurar na internet e vi que acontecia aquilo por meio da polinização, ai eu pensei, não vou ficar esperando esse inseto vir. Peguei um palito de dentes, fui em uma rosa que eu tinha aqui, e retirei o pólen de dentro da flor e passei para a outra, para tentar. Eu refiz esse processo várias vezes na rosa do deserto, teve uma hora que deu certo e saiu a vagem. Agora tudo quanto é planta que eu vejo, eu vou lá e tento polinizar”, conta Lídia.

E deu tão certo que hoje o viveiro conta com cerca de mil mudas da planta, que são vendidas ainda pequenas para quem deseja cultivar em casa. Segundo a agricultora, os cuidados no cultivo, tem rendido bons resultados que vão além do viveiro e do orçamento familiar.

“Digo que elas são como filhos, eu fico aqui e esqueço do tempo. Faz bem pro meu corpo e para a minha mente, cuidar delas é como uma terapia, quando estou de tpm então, até alivia. Vou lá para casa só porque tem que cozinhar e arrumar as coisas, se não ficava no viveiro o dia todo”, explica a agricultora.

Mudas são comercializadas ainda pequenas (Foto: Cássia Firmino/ G1)

Mudas são comercializadas ainda pequenas (Foto: Cássia Firmino/ G1)

A bióloga Aline Cristiane da Silva explica que o processo de polinização realizado de forma manual, como o feito pela agricultora, também rende resultados. “Essa polinização feita pelo homem é conhecida como polinização artificial. É importante ressaltar que o processo natural é realizado pelos insetos como moscas, abelhas, beija-flor, e quanto mais saudável a planta está, mais vibrante ficam as cores da flor, o que atrai mais insetos para a polinização”, ressalta Aline.

Brincando com as cores

A agricultora explica que depois que a polinização deu certo, o segundo passo foi aprender a criar cores novas cores a partir das flores vermelhas, brancas e rosas, além de aumentar a quantidade de folhas, no processo que é conhecido como enxerto.

“A polinização eu aprendi pela internet, fiz o curso para entender melhor sobre o processo até a semente ficar pronta. Lá eu aprendi que demora em média 60 dias para as sementes saírem, dai para nascer vai depender do cuidado de cada um, para mim o ingrediente que não pode faltar é o amor”, conta a agricultora.

Rosas do deserto viraram fonte de renda para a agricultora (Foto: Cássia Firmino/ G1)

Rosas do deserto viraram fonte de renda para a agricultora (Foto: Cássia Firmino/ G1)

A bióloga explica que quem deseja ter uma planta dessas em casa deve se atentar para os cuidados e equilíbrio com os nutrientes.

“Quem deseja apressar o processo de germinar a semente, pode por ela em uma água por exemplo, isso vai amolecer a semente e ajudar a germinar mais rápido. Cuidados com água e nutrientes também é importante, além de um local estratégico aonde ela possa ter contato com o sol de quatro a seis horas diárias, isso ajuda a evitar fungos, prolonga a vida da planta, que pode durar até anos, além de deixar ela bonita”, finaliza Aline.

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