Piranha capturada durante monitoramento ambiental no Rio Aripuanã; espécie teve aumento populacional identificado no Balneário Oásis. - Foto: Thiago Paiva



 Um vídeo gravado em Aripuanã (MT) e enviado pelo biólogo, zoólogo e perito ambiental, Thiago Paiva mostra diversos banhistas feridos após ataques de piranhas no trecho do Balneário Oásis, no Rio Aripuanã. As imagens evidenciam cortes nos pés e pernas das vítimas e reforçam o alerta sobre o aumento populacional da espécie na região, identificado após mais de uma década de monitoramento ambiental.

00:15
00:21
Vídeo enviado por biólogo mostra banhistas com ferimentos nos pés e pernas após ataques de piranhas no Balneário Oásis, em Aripuanã. – Vídeo: Cleverson Veronese

Segundo Thiago Paiva, que realiza monitoramento ambiental no município há mais de dez anos, nos últimos três anos a presença de piranhas passou a ser registrada com maior frequência no Rio Aripuanã, especialmente nas áreas de águas rasas do Balneário Oásis. Os ataques a pessoas, de acordo com o especialista, começaram recentemente e ainda não há números oficiais sobre ocorrências.

Os episódios envolvem espécies de pequeno porte, que costumam frequentar águas rasas (os mesmos locais mais utilizados por banhistas), o que amplia o risco de acidentes. Durante atividades de coleta e pesquisa científica, o comportamento agressivo das piranhas foi observado de forma recorrente. “Elas atacam os peixes presos nas redes da nossa coleta e pesquisa, e muitas vezes sobram apenas as cabeças”, relatou.

O biólogo explica que o aumento é específico para Aripuanã, sobretudo em áreas acima das cachoeiras do rio, onde a presença das espécies Serrasalmus spilopleura (Piranha-doce) e Serrasalmus rhombeus (Piranha-preta) é considerada incomum. A situação sugere uma possível introdução antrópica, associada à ação humana, que contribuiu para a dispersão das piranhas na região.

Piranha capturada durante monitoramento ambiental no Rio Aripuanã; espécie teve aumento populacional identificado no Balneário Oásis. – Foto: Thiago Paiva

Além do risco à população, o especialista alerta para o impacto à fauna aquática nativa. O comportamento predatório intensificado pode reduzir populações de peixes menores, provocar desequilíbrios no ecossistema e comprometer a biodiversidade do Rio Aripuanã, especialmente em áreas de reprodução.

Peixe encontrado parcialmente devorado no Rio Aripuanã evidencia o comportamento predatório das piranhas e o risco à fauna local. - Foto: Thiago Paiva
Peixe encontrado parcialmente devorado no Rio Aripuanã evidencia o comportamento predatório das piranhas e o risco à fauna local. – Foto: Thiago Paiva

Apesar de o aumento ser localizado, Thiago Paiva ressalta que ataques de piranhas são comuns neste período do ano em rios de todo o Mato Grosso, devido ao período reprodutivo da espécie e às altas temperaturas da água, que intensificam o instinto de defesa territorial. “Este caso é específico para Aripuanã. Mas ataque de piranhas é comum nesta época em todos os rios”, afirmou.

Restos de peixe devorado por piranhas no Rio Aripuanã reforçam o alerta para o desequilíbrio ambiental e o aumento da espécie na região. - Foto: Thiago Paiva
Restos de peixe devorado por piranhas no Rio Aripuanã reforçam o alerta para o desequilíbrio ambiental e o aumento da espécie na região. – Foto: Thiago Paiva

Diante do cenário, foi emitido um alerta de segurança para frequentadores do Balneário Oásis, baseado em monitoramentos realizados entre 2013 e 2025. O comunicado proíbe o descarte de alimentos na água e a limpeza de peixes no local, práticas que atraem cardumes e aumentam o risco de ataques.

🚫 NORMAS DE SEGURANÇA

  • Não descarte alimentos: Restos de lanches e carnes atraem cardumes para as margens.
  • Não limpe peixes no local: O sangue e vísceras estimulam a agressividade das piranhas.
  • Evite vegetação: Aguapés e plantas aquáticas são zonas de desova. Mantenha distância.
  • Atenção ao barulho: Batidas bruscas na água podem ser interpretadas como alimento.

ℹ️ RECOMENDAÇÕES

  • Mantenha vigilância constante sobre crianças e idosos.
  • Ao perceber “beliscões”, saia da água imediatamente e avise as autoridades.
  • Prefira áreas com fundo limpo e boa circulação de água.

🆘 EM CASO DE MORDIDA

1Saia da água imediatamente.

Evite novos ataques em sequência.

2Lave o ferimento.

Use água limpa e sabão.

3Estanque o sangramento.

Faça compressão local com um pano limpo.

4Procure atendimento médico.

Urgente: Pode exigir sutura, vacinas e antibióticos.

documento orienta ainda que os banhistas evitem áreas com vegetação aquática, como aguapés, consideradas zonas de desova, redobrem a atenção com crianças e idosos e evitem movimentos bruscos dentro da água. Ao perceber a presença de peixes ou pequenos ‘beliscões’, a recomendação é sair da água imediatamente e comunicar as autoridades.

Em caso de mordida, a orientação é deixar a água, lavar o ferimento com água limpa e sabão, estancar o sangramento e procurar atendimento médico imediato, já que as lesões podem exigir sutura, profilaxia contra infecções e reforço vacinal.

Em situações de emergência, a população deve acionar o Samu (192) ou o Corpo de Bombeiros (193).