O governador Mauro Mendes (União Brasil) afirmou que o Governo do Estado não apoia a regularização da área invadida no Contorno Leste, em Cuiabá.

Com isso, ele rebateu diretamente o anúncio, feito no fim de semana, pelo prefeito Abílio Brunini (PL). Para o governador, legitimar ocupações consolidadas é “injusto” com as milhares de famílias que adquiriram moradia por meio de programas oficiais.

Mauro Mendes evitou aprofundar o embate político, mas reforçou a posição do Executivo estadual. “O Governo é contra invasão. Não apoia e não endossa nenhum tipo de invasão, urbana ou rural”, afirmou.

Ao comentar a decisão do prefeito, de avançar com a desapropriação da área, o governador destacou que o Estado oferece alternativas legais para famílias de baixa renda. Citou o programa Ser Família Habitação, que concede subsídios de R$ 25 mil a R$ 35 mil para compra de imóveis.

“Trinta mil mato-grossenses já compraram sua casa financiada com ajuda do Estado e do Governo Federal. Por que uns seguem as regras e outros querem invadir? Não é justo”, acrescentou. O governador também lembrou que a administração estadual está construindo, em parceria com prefeituras, mais de 3 mil casas gratuitas para quem não tem condições de financiar um imóvel.

Reforçou que o Estado trata o déficit habitacional com políticas públicas e que medidas de regularização de ocupações consolidadas devem ser avaliadas com responsabilidade. “Quem não pode comprar também tem atendimento. O Estado tem programas para isso. O que não podemos é transformar invasão em solução habitacional”, disse.

DESAPROPRIAÇÃO - A declaração de Mauro Mendes ocorre após Abílio Brunini anunciar que a Prefeitura seguirá com a desapropriação da área tomada por mais de mil famílias, no Contorno Leste.

O prefeito afirmou que não aceitará despejo em massa nem qualquer ação policial violenta. “Não vou assinar ordem para caminhão, polícia, bala de borracha ou bomba de fumaça para arrancar criança, idoso ou pessoa com deficiência”, disse o gestor municipal.

A área pertence à família Pinto, que já deixou claro que não tem interesse em vender o espaço, mas que se dispôs a doar 5,7 hectares à Prefeitura, suficientes, segundo os herdeiros, para a regularização. Abílio contestou: disse que o espaço atenderia apenas cerca de 200 famílias, enquanto a ocupação atual ultrapassa mil moradores.

O prefeito disse ter apresentado propostas de compensação, incluindo indenização e permutas, mas reconheceu que os herdeiros resistem, em parte devido ao luto pela morte recente do patriarca João Pinto. Além disso, Abílio voltou a atribuir a origem da ocupação à falta de ação das autoridades em 2023.

“Quando começa a invasão, o proprietário chama a polícia. A polícia tinha que ter ido. Não foi. Depois, a ordem pública tinha que agir. Também não agiu”, afirmou.

Com três anos de consolidação e centenas de moradias construídas, o prefeito afirma que não assumirá o papel de remover a comunidade. “Querem que eu seja o prefeito que vai expulsar mil famílias? Não vou fazer isso. A decisão está tomada: desapropriação, indenização justa e regularização para quem vive lá”, completou.

 

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