Números inéditos mostram que 66% dos brasileiros acreditam que a menopausa não é levada a sério; médica alerta para urgência em educação, acolhimento e capacitação profissional

Um dos maiores levantamentos globais já realizados sobre menopausa expôs a dimensão real do estigma enfrentado por mulheres durante a perimenopausa e menopausa. O estudo Menopause Experience & Attitudes (MEAS), conduzido em seis países, incluindo o Brasil, com 2.000 entrevistados por país e uma subamostra exclusiva de 300 mulheres de 40 a 55 anos, revelou um cenário de desinformação, tabu e falta de apoio que afeta diretamente a saúde física, emocional e profissional das mulheres.

Alexandra Ongaratto, médica especializada em ginecologia endócrina e climatério e Diretora Técnica do Instituto GRIS, destaca que os dados reforçam a necessidade de ampliar a educação social sobre o tema e promover ambientes de cuidado mais acolhedores. O Brasil desponta entre os países com maior nível de tabu e desinformação sobre menopausa, segundo a pesquisa. 

Os achados brasileiros são contundentes: 66% dos entrevistados acreditam que a menopausa e seus sintomas não são levados a sério, percentual que sobe para 72% entre mulheres que já passaram pela experiência. Além disso, 65% afirmam que a menopausa ainda é um tabu social, enquanto apenas 28% consideram que o tema é retratado de forma positiva na sociedade, número que cai para 24% entre quem vivenciou a menopausa. 

Na imprensa, o cenário não é muito diferente, só 34% enxergam representações positivas. Por fim, apenas 30% dos entrevistados dizem ter alto nível de conhecimento sobre sintomas, fases e opções de tratamento, revelando um déficit significativo de informação.

Esses dados, segundo a médica, apontam para um ciclo de silêncio que impede que mulheres busquem ajuda e que profissionais de saúde ofereçam suporte adequado. “O estigma pesa mais do que os sintomas”, afirma Alexandra.

Para a ginecologista, o estudo MEAS expõe algo que a prática clínica já evidenciava, “o dado mais grave aqui não é sobre um sintoma físico, mas sobre a forma como a sociedade trata a mulher na menopausa. Muitas se sentem envergonhadas, constrangidas e sem espaço para falar. O estigma pesa mais do que os sintomas”.

Ela ainda reforça que esse silêncio impede o diagnóstico correto e o acesso a tratamentos. “Quando apenas 30% das pessoas dizem ter conhecimento real sobre menopausa, temos um problema de saúde pública. Informação é cuidado. Silêncio é sofrimento”.

Menopausa no trabalho: dados brasileiros revelam impacto silencioso

A pesquisa mostra que os sintomas da menopausa e o estigma associado influenciam diretamente o desempenho profissional das mulheres:

  • 47% relatam impacto negativo no trabalho.

  • 26% observam queda de produtividade.

  • 17% têm medo de contar aos colegas.

  • 9% relatam discriminação explícita.

  • Apenas 29% se sentem confortáveis conversando com gestores.

  • 80% acreditam que mulheres não recebem apoio suficiente no ambiente de trabalho.

Para Alexandra “se empresas querem reter talentos, precisam criar políticas específicas para menopausa. Assim como existem protocolos para gestação e amamentação, é hora de avançar. O impacto no trabalho é real, e o dado de 47% mostra isso com clareza”.

Representação importa e está faltando

O estudo conclui que a forma como a sociedade e a mídia retratam a menopausa reforça a visão negativa, pois a menopausa é associada majoritariamente a “envelhecimento”, “maturidade” e “meia-idade”, raramente a liberdade, autonomia ou nova fase. Além disso, apenas 35% das mulheres com experiência acreditam que a imprensa retrata a menopausa de forma precisa.

Segundo a médica, a falta de representação positiva reforça o mito de que menopausa é perda. “Isso afasta mulheres de conversas importantes e cria um ciclo de vergonha. Precisamos mostrar que a menopausa é uma fase natural e que existe vida plena após ela”, afirma.

O que precisa mudar: caminhos apontados pelo estudo

As medidas apontadas pelos entrevistados para melhorar a jornada das mulheres incluem capacitação de profissionais de saúde para atuar com base em diretrizes atualizadas (43%), ampliar a oferta de tratamentos, hormonais e não hormonais (41%), e aumentar a educação e a conscientização pública sobre a menopausa (33%). Para o Instituto GRIS, esses três pontos formam um tripé essencial, “não existe avanço sem profissionais preparados, sem acesso a tratamento e sem educação. Esses pilares precisam caminhar juntos”, completa a ginecologista.

O estudo MEAS escancara que a menopausa não é apenas um evento biológico; é uma questão social, cultural e de saúde pública. E, no Brasil, os desafios são mais intensos. Alexandra resume a urgência de que “as mulheres brasileiras estão passando pela menopausa cercadas por silêncio, tabu e falta de apoio. Os dados estão aí. Agora precisamos agir com informação, acolhimento e políticas que coloquem a saúde da mulher no centro”. 

Instituto GRIS

O Instituto GRIS tem como compromisso priorizar o bem-estar e a saúde feminina. Sediado em Curitiba, é pioneiro como o primeiro Centro Clínico Ginecológico do Brasil, agregando as mais avançadas tecnologias para o cuidado da saúde íntima feminina. Seu enfoque abrangente e especializado combina inovação e dedicação, ajudando as mulheres a assumirem o protagonismo em suas jornadas de saúde.

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