Ministério da Saúde realiza o geoprocessamento de dados da hanseníase por meio da utilização de tecnologias para analisar a distribuição espacial da doença, auxiliando no planejamento de ações de saúde pública. Além disso, qualifica equipes para a análise de dados de sistemas – sendo o principal deles o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) – para identificar padrões, tendências e áreas de maior risco.

O geoprocessamento é aplicado quando os casos são mapeados para identificar áreas de grande concentração da doença, bem como entender sua distribuição geográfica. São realizados, ainda, a identificação de fatores de risco que correlacionam a incidência da doença com aspectos socioeconômicos, de moradia e condições de saneamento; o planejamento de ações para subsidiar gestores e profissionais de saúde na avaliação, estratégias de atuação, diagnóstico precoce e controle; além do fortalecimento da vigilância.

Para qualificar técnicos de vários estados da Federação na utilização eficaz do Sinan na criação de mapas e gráficos que atendam local, municipal, estadual e nacionalmente, a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, promove, até sexta-feira (14), na Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS), em Brasília (DF), a Oficina de Geoprocessamento de Indicadores de Hanseníase.

Na abertura, a coordenadora geral de Vigilância da Hanseníase e Doenças em Eliminação, Jurema Guerrieri, explicou que os profissionais de saúde precisam estar atentos, pois a hanseníase é uma doença de aspecto epidemiológico. “Trata-se de um momento muito rico para nós, pois somos vigilância. Trazer esse olhar permite que vocês façam o monitoramento de modo mais oportuno e eficaz. Como Ministério da Saúde temos investido para dar mais autonomia para que vocês trabalharem essas estratégias nos estados e municípios para interpretar, organizar e utilizar dados na realidade local. Essa é a proposta do curso. Esperamos que saiam aptos para chegar aos territórios sabendo o que fazer ou como buscar auxílio qualificado para compreender o cenário de saúde”, disse.

O evento é uma realização do Departamento de Doenças Transmissíveis (DEDT/SVSA/MS) e as aulas são ministradas pelo técnico da Coordenação-Geral de Vigilância da Hanseníase e Doenças em Eliminação, George Souza; e pelo orientador da Célula de Informação e Resposta às Emergências em Saúde Pública do Estado do Ceará, José Antônio Barreto. O treinamento promove formação teórica e exercícios práticos para georreferenciar e realizar análise espacial dentro dos territórios. Participam profissionais de saúde responsáveis pela análise de dados dos programas estaduais de hanseníase das Regiões Norte, Centro-oeste e Sul.

Ao contextualizar a necessidade de conhecer a situação de saúde da população brasileira com olhar técnico e para além da curiosidade acadêmica, George explicou: “Não é um número pelo número, não são apenas dados. Devemos avaliar o que cada indicador significa e entender o que estamos trabalhando nesse contexto. Teremos a compreensão de como a nossa população adoece e como ela tem ou não sido tratada”. E completou: “As cidades estão muito próximas, mas são muito desiguais e isso afeta a forma como analisamos as informações, a realidade de saúde e os dados de doenças naquela região”.

José Antônio, por sua vez, falou sobre sua experiência de 41 anos atuando como servidor da Saúde e como funciona a Análise de Situação de Saúde (ASIS), um processo analítico sintético que permite caracterizar, medir e explicar o perfil de saúde-doença de uma população, assim como seus determinantes e prioridades de ação. “Precisamos que as equipes estejam atentas às mudanças de cenário, pois tudo pode virar uma emergência a depender do contexto. Organizamos o sistema de informações e a nossa vivência, lá no estado, passa pela perspectiva de fortalecer a vigilância hospitalar. Esse trabalho resulta numa melhor identificação de intervenções e de programas”, enfatizou.

A doença

hanseníase é uma doença crônica causada pela bactéria Mycobacterium leprae, que compromete principalmente a pele e os nervos periféricos. Entre os sintomas mais comuns estão manchas com perda de sensibilidade, formigamento e fraqueza muscular. A transmissão ocorre pelas vias respiratórias, em situações de contato próximo e prolongado com pessoas infectadas que ainda não iniciaram o tratamento. O diagnóstico é realizado nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), e o tratamento — disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) — é eficaz e garante a cura.


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