A Neoenergia fechou a venda da usina hidrelétrica de Dardanelos, localizada no Rio Aripuanã, em Aripuanã - Mato Grosso, para o grupo francês EDF Power Solutions, apurou o Valor. A transação foi concluída por um “enterprise value” (valor da empresa, incluindo patrimônio e dívida líquida) de R$ 2,51 bilhões.
O múltiplo da transação, segundo uma fonte, foi de 10,7 vezes, uma das mais altas do setor. Pelo acordo, a Neoenergia será mantida como sócia minoritária do ativo por 30 meses, disse um interlocutor. A EDF começou a negociar com a Neoenergia quando estava na mesa a usina de Baixo Iguaçu, que acabou ficando com a Copel, que revendeu para a Energo Pro.
Desde então, as tratativas entre as partes passaram a envolver Dardanelos, explicou uma fonte próxima ao processo. A compra de Dardanelos marca a terceira tentativa da EDF de avançar no segmento hidrelétrico brasileiro nos últimos anos. O processo teve coordenação do UBS BB, enquanto o BNP Paribas atuou como assessor financeiro da operação.
Com capacidade instalada de 261 MW, a hidrelétrica de Dardanelos é composta por quatro unidades geradoras de 58 MW e uma unidade de 29 MW. Construída no curso do Rio Aripuanã, a usina opera no modelo fio d’água, que utiliza o fluxo natural do rio para a geração de energia, dispensando grandes reservatórios, característica valorizada especialmente por reduzir impactos socioambientais.
Desde que entrou em operação em 2007, a hidrelétrica mantém contratos de compra e venda da energia gerada com 24 distribuidoras no Brasil. Segundo informações da Neoenergia, foram investidos aproximadamente R$ 745 milhões no empreendimento. Deste valor, a Neoenergia alocou R$ 380 milhões, sendo 65% de recursos de terceiros e 35% próprios.
A venda se insere no movimento recente da Neoenergia de redução de alavancagem, após anos de forte expansão em diferentes áreas do setor elétrico. No terceiro trimestre de 2025, a relação dívida líquida/Ebitda estava em 3,52 vezes. Com a entrada dos recursos da venda, a empresa projeta uma redução de 0,2 vez nesse indicador.
Nos últimos anos, a Neoenergia tem redesenhado seu portfólio para dar mais peso ao segmento de redes, considerado mais estável e com receita fixa e retornos regulados. Assim, a alienação de ativos de geração faz parte de um realinhamento estratégico voltado à melhoria da estrutura de capital.
A aquisição representa um passo adicional no plano de expansão da EDF no Brasil. O grupo francês já atua em transmissão e em geração eólica, solar, hídrica e térmica no país e tem buscado ampliar sua presença especialmente em geração hídrica, mesmo diante da elevada concorrência por esses ativos.
Em abril de 2024, EDF participou do processo de venda da Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia), mas foi superada pelo Fundo Phoenix, do empresário Nelson Tanure, que levou o ativo por R$ 1,04 bilhão.
Em fevereiro de 2025, a estatal francesa tentou adquirir a hidrelétrica Baixo Iguaçu, então pertencente à Neoenergia. No entanto, a Copel exerceu o direito de preferência e comprou a fatia da parceira no empreendimento. Meses depois, a Copel vendeu sua participação para o grupo tcheco Energo Pro (DK Holding Investments, S.R.O.), em um acordo de R$ 1,55 bilhão, incluindo a fatia minoritária de 30%.
Procurada, a EDF não quis comentar o assunto. A Neoenergia não retornou o contato.
Fonte: Por Fernanda Guimarães e Robson Rodrigues, Valor
https://www.topnews.com.br/noticia/68703/neoenergia-vende-hidreletrica-de-dardanelos-em-aripuana-a-francesa-edf-por-r-2-51-bi

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