Especialista explica como proceder diante dos casos mais comuns e como saber a hora de procurar a emergência


Final de ano é sinônimo de família reunida. Quando as férias escolares se juntam ao recesso de final de ano, o resultado é mais gente dentro de casa e mais tempo no aconchego do lar, o que aumenta a propensão a acidentes domésticos. De acordo os últimos dados do Ministério da Saúde, o Brasil registrou cerca de 9,3 mil mortes por acidentes domésticos, o que dá uma média de 25 óbitos por dia, em 2023. Ainda segundo o órgão, mais de 120 mil internações ocorrem por ano em decorrência desses episódios.


O médico emergencista e professor do IDOMED, Lucas Campos, explica que acidentes domésticos quase sempre nascem de situações cotidianas. “Os casos mais comuns são queimaduras, cortes ou quedas. A pessoa escorrega no banheiro, tropeça caminhando dentro de casa, se corta ou sofre uma queimadura enquanto está cozinhando, uma criança passa correndo e se machuca”, enumera.


Ainda de acordo com o especialista, crianças pequenas, que exploram os ambientes sem noção de risco, e idosos, que frequentemente têm mobilidade reduzida, lideram o grupo mais vulnerável. Veja abaixo como proceder diante dos acidentes domésticos mais comuns e como saber se é caso de procurar o hospital ou posto de saúde mais próximo.


CORTES - Nem todo corte exige hospital, mas é importante saber avaliar a gravidade da situação. A extensão do corte e a dificuldade de estancar o sangramento são os principais fatores a serem observados nesses casos. Se o ferimento for leve, a orientação é lavar com água corrente e sabão neutro. Em seguida, pressione a região com força usando um pano limpo, até estancar o sangramento. Depois que parar de sangrar, faça uma nova lavagem para remover o excesso de sangue e aplique um curativo se necessário.


“O que define a ida imediata à emergência é a incapacidade de parar o sangramento apenas com compressão”, reforça o especialista. “Cortes muito profundos ou extensos também precisam ser avaliados por um profissional”, alerta.


QUEDAS - Segundo o Ministério da Saúde, as quedas são a principal causa de morte por ferimentos não intencionais, especialmente entre idosos e crianças. Os principais fatores a se observar após uma queda são o nível de dor, a capacidade de se movimentar normalmente e se há alguma deformidade visível na área afetada. “Pequenas fraturas podem passar despercebidas pelos familiares. Por isso, é importante buscar o atendimento especializado, especialmente se a dor não melhora com o tempo ou se a vítima de queda apresenta alguma dificuldade de locomoção”, explica.


O alerta máximo, segundo o especialista, é quando a pessoa experimenta desorientação ou tontura após a queda. “Pacientes que se mostram desorientados, perdendo a noção do espaço, ficam tontos ou não conseguem conversar direito, precisam ser avaliados por um médico imediatamente”, reforça.


QUEIMADURAS - Em caso de queimadura em casa, o primeiro passo é interromper imediatamente a fonte de calor e lavar a área afetada em água corrente fria. Não use soluções caseiras como pasta de dente, gelo, café ou manteiga. Em vez de ajudar, esses produtos podem agravar ainda mais a lesão. Se a queimadura formar bolhas, não estoure. Seque a região suavemente e cubra com um pano limpo ou gaze.


É fundamental procurar emergência quando a queimadura for extensa, envolver rosto, olhos, mãos, pés, genitais ou grandes articulações; quando houver dor intensa, bolhas grandes, escurecimento da pele ou sinais de profundidade; quando a vítima for criança ou idoso; ou, ainda, se a pessoa apresentar dificuldade para respirar, tontura ou mal-estar. Queimaduras elétricas ou químicas também exigem avaliação médica imediata.


Embora muitos acidentes possam ser tratados em casa, a prevenção ainda é o maior aliado para reduzir as estatísticas de acidentes domésticos. Entre as medidas recomendadas estão instalar tapetes antiderrapantes no banheiro, manter o piso de casa sempre seco e acompanhar pessoas idosas em ambientes com escadas ou desníveis. Lembre-se, também, de guardar objetos cortantes fora do alcance de crianças e manter tomadas sempre tampadas. E mais: nunca deixe crianças sozinhas na cozinha e, ao cozinhar, mantenha as panelas sempre com o cabo virado para dentro do fogão.


“Dentro de casa, o perigo mora nos detalhes. São situações corriqueiras dentro de uma casa, mas que podem se tornar graves”, resume Lucas Campos.


AGÊNCIA EXOS Raphaela Aguiar