Porto Velho, RO – O prefeito de Porto Velho, Léo Moraes, concedeu entrevista ao podcast Resenha Política, apresentado por Robson Oliveira em parceria exclusiva com o Rondônia Dinâmica, em gravação nos estúdios da CES Brasil. Ao longo da conversa, o gestor abordou temas sensíveis da administração municipal e respondeu a críticas que circulam na Câmara Municipal e nas redes sociais. Entre os pontos polêmicos, estiveram a merenda escolar e a compra de lancheiras, os chamados “grupos de trabalho” com pagamento de jetons, o cancelamento em massa de multas de trânsito, a drenagem e os alagamentos, além da relação com parlamentares de diferentes partidos.


Logo no início, ao ser chamado de “prefeito TikTok” por Robson Oliveira, Léo afirmou que a comunicação digital é “ferramenta de apresentação”, mas disse que “não existe boa comunicação sem bom trabalho”, acrescentando que a gestão já fez “centenas de entregas” em nove meses. Questionado sobre a ausência de “uma grande obra” com a marca do atual governo municipal, o prefeito argumentou que há intervenções estruturantes em execução e citou, como exemplo, a iluminação direta na Avenida Guaporé. Segundo ele, a administração reestruturou equipes e executou dois quilômetros de iluminação “do zero”, em meses, com gasto total que “não dá um milhão e meio”, valor que, de acordo com o relato, seria inferior ao estimado em contratação de empresa.


A educação ocupou grande parte da entrevista. Léo disse ter retomado escolas em tempo integral e contraturno, reconheceu que o IDEB municipal está “pior do que 2019” e relatou que o município “está perdendo recurso do governo federal por conta do VAAR”. De acordo com o prefeito, foram aplicados exames de proficiência e “prova estruturada, individualizada para cada escola”, com metas de quantos décimos cada unidade deve alcançar. Ele anunciou ainda a intenção de mudar a escolha de gestores escolares por meio de processo seletivo com prova, entrevista e avaliação de plano de trabalho, em substituição a modelos de indicação política ou eleição direta. O chefe do Executivo declarou ter “acabado com o ponto eletrônico” para facilitar a movimentação de profissionais entre escolas e informou o pagamento do piso do magistério no “primeiro semestre” da gestão, além de revisão geral para servidores e equiparação de técnicos “no mesmo piso do magistério”.

 



No pacote de incentivos, o prefeito mencionou bonificações: laptops e notebooks para professores, bicicletas para os melhores alunos de cada sala e R$ 15 milhões em prêmios para escolas com bons resultados. Ele afirmou que programas como “Lanche Extra”, distribuição de frutas da agricultura familiar “para levar pra casa” e ações culturais (como ida ao cinema) visam reduzir evasão escolar e déficit cognitivo. Diante de críticas de vereadores sobre merenda e compra de lancheiras, com acusações de superfaturamento, Léo disse que a prefeitura encaminhou “cobranças e monitoramento” à secretaria responsável e que eventuais falhas “vão aparecer” e “devem responder naturalmente”, ressaltando a atuação dos órgãos de controle em Rondônia.


A saúde foi outro eixo central. Léo disse que a cidade não possui hospital municipal nem universitário e que a administração reservou recursos próprios para adquirir um prédio a ser destinado a hospital-escola, em convênio com a Universidade Federal de Rondônia. Segundo o prefeito, a parte do município “está prestes a ser concluída” e “será concluída este ano”. Ele descreveu um modelo em que a prefeitura adquire o imóvel, transfere o prédio para a universidade e esta firma gestão com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares — citada por ele como “EBSEC” e também como “Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares”, vinculada ao Ministério da Saúde. O gestor disse que o arranjo prevê atendimento regulado do SUS, com emergência, cirurgias, consultas e exames, e mencionou estimativa de custo anual de R$ 1,5 milhão por leito. A entrevista retomou números previamente aludidos por Robson sobre 40 leitos, com possibilidade de ampliação para 120 ou 150 em quatro anos. Paralelamente, o prefeito afirmou ter implementado “Corujão da Saúde” (atendimento de 18h à meia-noite) em unidades como Manuel Morim de Matos, relatou climatização de ambientes com grande circulação infantil, oferta de pediatria, ampliação de especialidades e aquisição de sete máquinas de raio-X com laudo digital, além de reativação de equipamentos com recursos de emendas.


Em mobilidade urbana, Léo declarou ter cancelado de “112, 114 mil multas” que teriam sido aplicadas “de forma arbitrária” e “sem ampla divulgação” no fim do ano passado. Disse que refez a auditoria, refez sinalização, ajustou limites de velocidade em vias como a Raimundo Cantuária e implantou medidas como “tesourinha”, terceira mão, faixa exclusiva e retirada de faixa de ônibus em determinados pontos. Questionado sobre o viaduto na Avenida Imigrantes, afirmou que há recursos indicados, mas que a execução depende do DNIT. Mencionou ainda discussão de obras na Rio Madeira com Imigrantes, fluxo de “mais de 20 mil veículos/dia”, e um estudo para transformar a Jorge Teixeira em via expressa com obras em cruzamentos como Raimundo Cantuária, 7 de Setembro, Pinheiro Machado e Carlos Gomes (citadas de modo aproximado na fala), com soluções em nível ou subterrâneas.


A drenagem e os alagamentos também apareceram entre as polêmicas. Léo afirmou que, com “criatividade”, a prefeitura reduziu pontos críticos em cruzamentos, mas reconheceu que alagações ocorrem e seguirão ocorrendo em diferentes cidades. Segundo ele, Porto Velho cresceu sobre córregos e canais, há trechos com manilhas de diferentes diâmetros e ausência de limpeza por “pelo menos dois anos” em bueiros. O prefeito disse que o município teve pré-aprovação de projetos no PAC, relatando R$ 90 milhões do Orçamento Geral da União e “mais 110, provavelmente, FGTS”, somando R$ 200 milhões para intervenções, e citou instalação de “eco-boeiros” com cestos para retenção de resíduos. No campo da limpeza urbana e queimadas, ele afirmou que a prefeitura retirou cerca de “70 mil toneladas” de entulho e retomou a brigada municipal, contratando brigadistas e equipamentos para combate rápido, além de reforçar campanhas educativas, aplicar multas e planejar “mini florestas” em terrenos baldios.


No tema segurança, Léo disse que criou a Guarda Municipal, com concurso público em fase de preparação: contratação da banca no segundo semestre e expectativa de concurso em 2026; a depender da situação financeira, a implantação operacional poderia ocorrer em 2027. Ele informou também aguardar desde “há tempos” a liberação da “atividade delegada” pelo governo do Estado, para que policiais atuem no contraturno com remuneração paga pelo município. Ao ser perguntado se mantém boa relação com o governador Marcos Rocha, o prefeito respondeu que tem relação “amistosa” e citou o chefe da Casa Civil e o secretário de Segurança entre os interlocutores.


As relações políticas foram tratadas de modo amplo. Léo disse ter recebido emendas de diferentes parlamentares, incluindo o coronel Chrisóstomo, que, segundo a fala, destinou R$ 41 milhões para saúde, além de citar apoios e repasses de Maurício Carvalho, Lúcio Mosquini, Mariana Carvalho, Cristiane Lopes e Fernando Máximo, entre outros. Questionado por Robson sobre eventual acordo com Fernando Máximo e sobre um “grupo único” para eleição de governador, Léo negou “fechamento” e afirmou que decisões serão tomadas “olhando no olho”, “na hora certa”, com foco no que ajuda Porto Velho. Chegou a dizer, inclusive, que conversou com o senador Marcos Rogério, do PL, e também com o prefeito de Cacoal, Adaílton Fúria, do PSD.


Sobre o senador Confúcio Moura, disse que a interlocução com o governo federal tem sido importante para programas e projetos municipais e mencionou colaboração de “mais 8 milhões da Beira Rio”.
Em outro ponto controverso, Léo respondeu às críticas de um vereador que acusa a prefeitura de privilegiar “amigos do rei” em detrimento de adversários e questiona a utilidade de “grupos de trabalho”. O prefeito afirmou que tais grupos “já existiam” em gestões anteriores, não foram criados agora, existem também “na Câmara Municipal” e têm “funções específicas” com “resultado prático”, citando como exemplo entregas na iluminação pública e monitoramento por chatbot. Sem nomear o parlamentar, disse que há “mensageiros do caos” e “viúvas” de gestões passadas, mas afirmou acompanhar “muito pouco” os discursos na tribuna.
A entrevista abordou ainda projetos de equipamentos comunitários em grandes conjuntos habitacionais, com ênfase na ausência de posto de saúde no Orgulho do Madeira, e planos para creches, CRAS, CAPS, centro de imagens, nova UPA e pronto-socorro infantil no local do Ana Adelaide. O prefeito relatou a recuperação de “mais de 35 praças” na cidade, disse que Porto Velho possui “a tarifa mais barata do Brasil entre as capitais” no transporte coletivo — sem alteração do subsídio vigente no contrato — e afirmou que a prefeitura já protocolou projeto para construção de novas paradas de ônibus com apoio do FGTS.
No encerramento, Robson reforçou o pedido de crédito às matérias que repercutem o conteúdo do podcast, mencionou o patrocinador Acesso Brasil e reiterou que as imagens estão liberadas “com crédito”. Léo agradeceu e permaneceu sem anunciar apoio eleitoral imediato, repetindo que a prioridade, no momento, é a administração municipal. As informações são do site Rondônia Dinâmica.

Texto originalmente publicado em https://www.rondoniadinamica.com/noticias/2025/09/vou-anunciar-na-hora-diz-leo-moraes-sobre-2026-prefeito-da-capital-ja-conversou-com-maximo-marcos-rogerio-e-furia,227945.shtml. A reprodução é permitida desde que citada a fonte e incluído o link para o artigo original. Respeite os direitos autorais e compartilhe com responsabilidade.