Em diferentes fases da vida e da carreira, docentes na casa dos 30, 40 e 70 anos falam sobre o que mudou — e o que permanece — na arte de educar
A Educação muda com o tempo, mas a emoção de entrar em sala de aula e transformar vidas permanece igual. A lousa deu lugar ao tablet, o mimeógrafo virou arquivo digital e a Inteligência Artificial já faz parte do cotidiano escolar. Ainda assim, a essência do ato de ensinar — o encontro entre quem aprende e quem inspira — continua sendo o centro da experiência docente.
Três professores de gerações diferentes — Ingrid Lopes (32 anos), Ailton Dias (43) e Ana Perazzo (75) — se reuniram para refletir sobre o que atravessa o tempo na profissão e o que resiste às mudanças trazidas pela tecnologia. Suas trajetórias, separadas por décadas de transformações sociais e culturais, revelam uma mesma certeza: ser professor é um gesto de resistência, propósito e amor.
Da alfabetização com encantamento às metodologias ativas
A mais jovem entre os três, Ingrid Lopes de Araújo Oliveira, professora da rede municipal de Cerquilho (SP), trabalha com uma turma de 1º ano do Ensino Fundamental. Ela conta que se encontrou na alfabetização, onde afirma ver “de forma concreta o impacto do trabalho na formação das crianças”. Seu trabalho com os estudantes foi reconhecido com o Prêmio Educador FTD Educação 2024 na categoria Literatura, com o projeto “Contando, Encantando e Reencantando as Histórias e Ampliando os Saberes”.
Ela recorda que, quando era aluna, as salas de aula eram “mais tradicionais, com carteiras enfileiradas e foco no quadro e no caderno”. Hoje, a prática é outra: “A sala de aula se tornou um espaço mais dinâmico, interativo e acolhedor, onde as crianças aprendem brincando, investigando e se expressando.”
Para ela, as tecnologias são uma ponte, não o destino: “Elas ampliam as possibilidades de ensino, mas não substituem o olhar humano, a sensibilidade e o compromisso do professor. O desafio atual é equilibrar o uso das ferramentas digitais com o cultivo de valores, empatia e pensamento crítico”.
A docência como tecnologia e resistência
O professor Ailton Dias, 43 anos, doutor em Educação e com duas décadas de experiência em diferentes etapas de ensino, vê a escola como um organismo que muda junto com o tempo histórico. “A sala de aula em si não mudou. A escola que temos hoje mantém a estrutura dos sistemas de educação de massa do século XIX. O que se transformou foram os estímulos, as conjunturas e a função social da escola.”
Com passagens pelo Ensino Fundamental, Médio e Superior, e hoje atuando na formação continuada de professores, Ailton define o ensino como uma prática que vai além das ferramentas. “A docência transcende o uso de qualquer tecnologia, porque ela própria é uma tecnologia, um modo de fazer mediado por saberes métodos e instrumentos criados pelo ser humano para transformar a realidade. Quando planejamos e criamos experiências de aprendizagem, estamos aplicando tecnologias cognitivas e sociais, formas de mediação do conhecimento que transformam tanto o estudante quanto o próprio professor.”
Ele reforça a importância que o ato de ensinar tem na sociedade: “A docência é um dispositivo de resistência a tudo que diminui a dignidade humana. A prática docente é sempre uma prática revolucionária.”
Entre o giz e a inteligência artificial: uma vida inteira dedicada a ensinar
A professora Ana Perazzo, 75 anos, iniciou sua trajetória em 1967, aos 18 anos, no magistério. Lecionou por 46 anos em escolas públicas e particulares de Salto (SP) e guarda uma memória viva da sala de aula com carteiras de madeira, longos textos copiados à mão e festas juninas coreografadas por ela mesma. “Até hoje, quando encontro ex-alunos, muitos lembram das quadrilhas que eu ‘marcava’, logo vão falando ‘balancê’. Muito criaram laços fortíssimos que até hoje se refletem na minha vida. São lembranças que me enchem de alegria.”
Aposentada desde 2013, Dona Ana vê na tecnologia uma aliada, mas também um desafio. “As novas tecnologias facilitaram o acesso à informação, mas também tornaram os alunos mais independentes, e às vezes menos atentos ao vínculo com o professor. A educação só é possível onde existe sentimento e engajamento emocional.”
Para ela, a essência da profissão está em algo que as máquinas não alcançam: “A tecnologia pode montar um texto, mas não substitui o coração que educa. Nenhuma pessoa se educa sozinha. Educar é conduzir, orientar, envolver. É a arte do coração que transforma vidas.”
O que permanece
Entre as gerações, há diferenças no uso das ferramentas, nos espaços de aprendizagem e nas formas de comunicação. Mas o que une Ingrid, Ailton e Ana é a certeza de que o ensino continua sendo um ato de presença, humanidade e afeto.
“Ser professor é plantar sonhos todos os dias, e mesmo que os frutos demorem a aparecer, eles sempre florescem”, resume Ingrid.
“É uma prática revolucionária”, afirma Ailton.
“Gostaria de dizer àqueles que têm vocação, que não desistam de seus sonhos, pois educar vale a pena”, conclui Ana.
Em tempos de transformações tecnológicas e culturais aceleradas, o gesto de ensinar continua sendo atemporal — uma chama que atravessa o tempo e mantém viva a crença de que a Educação é o caminho para mudar o mundo.
“A campanha ‘Ser professor é atemporal’, lançada pela FTD Educação no mês de outubro, nasceu do desejo de reconhecer o papel essencial dos educadores na formação de pessoas e sociedades. Acompanhamos e apoiamos a Educação há mais de um século e testemunhamos muitas transformações nos métodos, nos recursos e nas formas de interação em sala de aula. Mas o que nunca mudou foi o propósito, a paixão e o afeto dos professores”, afirma Roberta Campanini, diretora de Marketing e Sucesso do Cliente da FTD Educação. A ação “Ser professor é atemporal” pode ser acompanhada nas redes sociais da FTD Educação no mês de outubro.
Fotos
- Professor Ailton DiasDivulgação
- Dona Ana Perazzo, 75 anos, lê carta de ex-alunoDivulgação
- Professora Ingrid Lopes trabalha com alfabetizaçãoDivulgação
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