Investigações começaram na gestão do ex-presidente Marcelo Cruz e revelam fraude em empréstimos consignados com documentos falsificados
A Polícia Civil de Rondônia, por meio da 2ª Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (DRACO2), deflagrou nesta sexta-feira (17) a Operação Ouro de Areia, com o apoio do Ministério Público do Estado (MPRO), por intermédio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). A ação visa desmantelar um esquema de desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro e falsificação de documentos que operava dentro da Assembleia Legislativa de Rondônia (ALERO).
De acordo com as investigações, o esquema teve início durante o mandato do ex-presidente da Assembleia, deputado Marcelo Cruz, quando uma rede de servidores e assessores comissionados passou a utilizar cargos fantasmas e contracheques falsificados para aplicar golpes financeiros e desviar verbas públicas.
Segundo a Polícia Civil, um servidor público — apontado como líder e articulador da organização criminosa — recrutava pessoas para ocupar cargos comissionados de fachada. Embora constassem na folha de pagamento da Assembleia, esses servidores nunca exerciam qualquer função real, continuando a trabalhar em outras atividades.
Para dar aparência de legalidade, o grupo falsificava contracheques e documentos funcionais, simulando que os envolvidos eram servidores efetivos. Com esses documentos, realizavam empréstimos consignados junto ao Banco do Brasil, cujos valores eram rapidamente divididos entre os integrantes do esquema.
As autoridades também apuram o envolvimento de funcionários ligados a outro deputado estadual, o que resultou no afastamento cautelar de servidores e em medidas judiciais de bloqueio e suspensão.
Durante a operação, foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e nas dependências da Assembleia Legislativa.
A Justiça decretou ainda a prisão preventiva do principal investigado, além da suspensão de três servidores por 90 dias e proibição de acesso a repartições públicas e contato com testemunhas.
O nome “Ouro de Areia” foi escolhido em alusão à natureza do crime: uma falsa aparência de valor e legalidade, semelhante ao ouro adulterado que se desfaz ao toque. A metáfora traduz a estrutura criada para encobrir o vazio funcional e o desvio de recursos públicos, mantidos sob uma fachada de legitimidade administrativa.
As equipes da DRACO2 e do Gaeco continuam as apurações para identificar outros possíveis envolvidos e o total de recursos desviados. Há indícios de que o esquema possa ter ramificações em outros municípios, entre eles Machadinho do Oeste.
As investigações continuam para identificar outros possíveis envolvidos e rastrear o destino dos valores desviados.
por Almi Coelho DRT-1207-RO-Alerta Rondônia
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