Por Danielle Leão*

O linfoma é um câncer do sistema linfático, parte essencial da defesa do organismo, que surge quando os linfócitos, células responsáveis por combater infecções, se multiplicam de forma descontrolada. Mais de 12 mil novos casos são diagnosticados todos os anos no Brasil, tornando-o o oitavo tipo de câncer mais comum, segundo o Instituto Nacional de Câncer.

Os linfomas são divididos em dois grandes grupos, Hodgkin e não Hodgkin, nome dado pelo médico que descreveu a doença no século XIX. O grupo não Hodgkin corresponde a cerca de 80% dos casos e inclui mais de 80 subtipos, cada um com comportamento e tratamento específico, o que torna indispensável o acompanhamento médico especializado

Os principais sinais do linfoma incluem aumento persistente de gânglios (comumente chamados de “ínguas”), febre prolongada, suor noturno excessivo, fadiga intensa e perda de peso sem explicação. O inchaço geralmente não causa dor nem vermelhidão, e muitas vezes é confundido com infecções comuns, o que pode atrasar o diagnóstico. Por isso, é importante observar a duração dos sintomas, se persistirem por semanas, é necessário buscar avaliação médica.

O linfoma pode ocorrer em qualquer idade, mas alguns subtipos são mais frequentes após os 50 anos, quando o sistema imunológico tende a enfraquecer e as células linfáticas podem sofrer alterações com maior frequência. Fatores que aumentam o risco incluem histórico familiar, baixa imunidade, como em pessoas com doenças autoimunes ou transplantadas, e exposição a certas substâncias, embora a causa exata ainda seja desconhecida. É importante destacar que o linfoma não é contagioso, não é hereditário e não surge apenas por estresse.

O diagnóstico é feito por biópsia do linfonodo, em que ele ou um fragmento é retirado e analisado por um patologista especializado. Exames de imagem, como PET CT, ajudam a determinar a extensão da doença, enquanto exames de sangue e, em alguns casos, da medula óssea completam a avaliação. É fundamental que o médico responsável saiba o momento certo de solicitar estes exames, evitando, assim, atrasos no diagnóstico.

O tratamento do linfoma depende do subtipo e do estágio da doença. Em alguns casos, basta a observação vigilante, sem intervenção imediata. Quando necessário, são usados medicamentos que atacam especificamente as células doentes, como quimioterapia, imunoterapia ou radioterapia. Avanços recentes, como terapias-alvo e células CAR T, ampliaram muito as opções para pacientes cuja doença voltou após o tratamento inicial. Hoje, muitos linfomas têm altas taxas de cura, principalmente quando diagnosticados precocemente, enquanto outros podem ser controlados de forma eficaz, permitindo que os pacientes sigam com saúde e bem-estar. Durante o tratamento, recomenda-se atenção à alimentação, prática de atividades físicas adaptadas, suporte psicológico e acompanhamento multiprofissional. Após a remissão da doença, consultas regulares são essenciais para acompanhar a evolução, identificar possíveis recaídas e controlar efeitos tardios das terapias, garantindo maior equilíbrio físico e emocional a longo prazo.

Para pessoas acima dos 50 anos, grupo mais suscetível à maioria dos linfomas, é importante redobrar a atenção aos sintomas persistentes e manter acompanhamento médico periódico. Informação e diagnóstico precoce continuam sendo as ferramentas mais poderosas para um desfecho positivo.

*Danielle Leão é hematologista especialista em linfomas na Croma Oncologia, rede de saúde especializada que apresenta um modelo inédito de gestão da jornada oncológica