Com a COP30 chegando, as empresas podem repensar sua atuação socioambiental e usar a filantropia racial como ferramenta para a justiça climática
 

São Paulo, setembro de 2025 - Com a COP30 se aproximando, marcada para acontecer em Belém, em novembro, o debate sobre mudanças climáticas volta ao centro da agenda global. No entanto, para que as soluções ambientais sejam realmente eficazes, é fundamental que também enfrentem as desigualdades históricas que impactam de forma desproporcional as populações negras, indígenas e periféricas. Nesse cenário, a filantropia racial surge como uma ferramenta estratégica para integrar justiça climática e equidade racial de maneira concreta.
 

O Pacto de Promoção de Equidade Racial preparou cinco dicas para empresas que desejam alinhar suas ações filantrópicas às pautas climáticas e raciais, contribuindo ativamente para uma transição ecológica mais justa e inclusiva.
 

1. Redirecione o fluxo de capital: financie diretamente organizações de base lideradas por pessoas racializadas
Em vez de financiar grandes ONGs ou intermediários tradicionais, repense sua cadeia filantrópica. Direcione recursos de forma direta e desburocratizada para iniciativas climáticas lideradas por comunidades negras, indígenas, quilombolas e periféricas. Essas organizações muitas vezes operam com alto impacto e baixo orçamento, mas enfrentam barreiras estruturais para acessar fundos. A descentralização dos recursos é um passo concreto para redistribuir poder.

2. Integre critérios raciais na seleção de projetos ambientais financiados
Toda chamada pública ou edital de apoio a projetos ambientais deve conter, de forma transversal, critérios de equidade racial. Isso significa considerar: quem lidera a iniciativa, quem se beneficia, onde está localizada e como ela atua na correção de desigualdades raciais. Equidade não deve ser uma categoria à parte, mas um critério central de avaliação e impacto.

3. Apoie estratégias de reparação territorial e soberania ambiental de povos tradicionais
A luta por justiça climática no Brasil passa, necessariamente, pela regularização fundiária de territórios indígenas e quilombolas, bem como pela proteção de modos de vida sustentáveis. A filantropia racial pode financiar ações jurídicas, técnicas e políticas que fortaleçam a autonomia desses povos sobre seus territórios. Isso não é apenas uma questão de identidade ou cultura, mas uma ação estratégica contra o colapso ambiental.

4. Financie tecnologias e soluções ambientais desenvolvidas em contextos periféricos
Inovações ambientais relevantes estão surgindo fora dos grandes centros. Comunidades periféricas e racializadas estão criando tecnologias sociais que aliam saberes ancestrais a soluções sustentáveis de baixo custo. O financiamento dessas soluções não deve ser visto como caridade, mas como investimento em inovação climática com impacto sistêmico.

5. Construa métricas e narrativas que revelem a interseção entre raça, clima e território
A maioria dos relatórios corporativos sobre clima ignora completamente o recorte racial. É preciso desenvolver indicadores que meçam o impacto racial das ações ambientais e construir narrativas que evidenciem as contribuições e vulnerabilidades das populações negras e indígenas na crise climática. Isso exige trabalho com dados, pesquisas e uma comunicação institucional que fuja do tokenismo e abrace a complexidade.
 

Sobre o Pacto de Promoção da Equidade Racial

O Pacto de Promoção da Equidade Racial é uma iniciativa que implementa um Protocolo ESG Racial para o Brasil, trazendo a questão racial para o centro do debate econômico brasileiro. A associação é formada por 62 empresas signatárias: 99Jobs, Accenture, Ache, ADP, Aegea, Afterverse Games, Alicerce Educação, Ambev, Animale, Arezzo, Banco BMG, Banco Fibra, Banco Pan, B3, Bayer, Belgo, Bene, BNP Paribas, Brainvest, Braskem, BrightMed, Caixa Seguradora, Capemisa Seguradora, Carlotas, CESAR, Colliers, CSN, Danieil Law, Dasa, EndelmonShine Brasil, Firjan, Fujifilm, Galena, Gerdau, GOL, Grupo Fleury, Grupo Soma, Ifood, Jive, Kraft, Movile, Movile Pay, Nesst, Novo Nordisk Brasil, Pernambucanas, Phoenix Contact, Pinheiro Neto, Playkids, Publics Groupe, PWC, Senai, Sesi, Siemens, Sistema B, Super Rico, Suzano, Sympla, Vale, Vivo, Vox, XP, Zoop. Para mais informações acesse o site.