Setor de leilões de imóveis no Brasil movimentou R$ 192 bilhões no último ano
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A digitalização tem modificado o funcionamento do mercado imobiliário brasileiro, sobretudo no segmento de leilões. A facilidade de participar de certames pela internet e a ampliação da transparência atraem investidores e compradores em busca da casa própria quanto.
Segundo levantamento da Associação Brasileira de Arremates de Imóveis (Abraim), o número de disputas cresceu 24% em 2024, com 275 mil imóveis negociados em todo o país. O Sudeste concentrou a maior parte das operações, com 123,7 mil imóveis leiloados, seguido pelo Nordeste, com 63,8 mil, conforme dados do Relatório Nacional de Leilões.
Com o avanço tecnológico, plataformas on-line permitem que interessados de qualquer parte do país participem de um leilão de imóveis em São Paulo ou outras localidades sem a necessidade de comparecimento físico. O processo digital inclui desde a análise da documentação até a assinatura da escritura.
De acordo com o presidente da Abraim, Gustavo Amaral, hoje é possível conduzir todo o processo de aquisição de forma remota, da análise jurídica à arrematação, passando pelo registro da matrícula e até etapas como reforma e revenda.
A mesma dinâmica se aplica em outras capitais. O leilão de imóveis no Rio de Janeiro, por exemplo, também ganhou adesão com a modalidade on-line. Isso permitiu a entrada de novos perfis de compradores, inclusive mais jovens e conectados, que antes não participavam de pregões presenciais.
Perfil dos compradores e tendências do setor
O mercado de leilões atrai pessoas físicas e investidores profissionais. A estratégia de house flipping, popular nos Estados Unidos, também ganhou espaço no Brasil. Ela consiste em comprar imóveis com desconto em leilão, realizar reformas e revendê-los por valores mais altos. De acordo com Amaral, mais de 90% dos associados da Abraim utilizam essa prática. Já uma minoria, geralmente acima dos 45 anos, prefere adquirir imóveis para locação e renda passiva.
A Caixa Econômica Federal, que responde por cerca de 70% dos financiamentos no país, leiloou 47 mil imóveis em 2024, número cinco vezes maior do que em 2022. O aumento reflete a alta da taxa de inadimplência e os efeitos da Selic elevada, que encareceu os juros do crédito imobiliário. Plataformas privadas também ganharam relevância, como o leilão de imóveis Bradesco e de outras instituições.
Os imóveis vendidos em leilões representam uma oportunidade para economizar. Em 2024, o desconto médio foi de 26,16% sobre os valores de avaliação. Nos leilões judiciais, as reduções podem chegar a 50%, e em processos de recuperação judicial, até 70%.
Essa margem de desconto tem impulsionado investidores que buscam retornos superiores aos do mercado tradicional. Segundo Amaral, uma reforma básica pode gerar lucros entre 25% e 30%, enquanto o uso de financiamento no ato da compra pode elevar o retorno em até 80%.
Mudança no comportamento dos compradores
Levantamento da pesquisa Raio-X FipeZAP mostra que 85% dos brasileiros que pretendem adquirir imóvel têm como principal objetivo o uso próprio, embora esse seja o menor índice desde 2019. O interesse na compra para investimento chegou a 15%, uma das maiores taxas desde 2014.
A pesquisa também indica que 73% dos entrevistados consideram os preços dos imóveis altos ou muito altos, o que favorece a busca por alternativas como os leilões. Além disso, 66% das compras realizadas no último ano ocorreram com algum desconto em relação ao valor anunciado.
Outro dado é que a maioria dos compradores atuais tem mais de 50 anos, o que aponta para uma tendência de aquisição tardia, associada à estabilidade financeira. Já os imóveis usados predominam nas transações, representando 75% das compras realizadas no último ano.
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