Profissionais precisam unir técnica, propósito e mentalidade empreendedora para garantir crescimento sustentável, aponta a dentista e mentora Sabrina Balkanyi
O Dia do Dentista, celebrado em 25 de outubro, representa mais do que uma data comemorativa. É um convite à reflexão sobre os desafios e as transformações que marcam o presente e o futuro da odontologia brasileira. Com mais de 426 mil profissionais registrados no Conselho Federal de Odontologia (CFO), o Brasil é o país com o maior número de dentistas do mundo. No entanto, o crescimento do setor não tem sido acompanhado, em todos os casos, por uma gestão empresarial eficiente, o que compromete a sustentabilidade de muitas clínicas.
Para Sabrina Balkanyi, dentista formada pela USP, empresária e mentora de profissionais da área, o novo perfil do dentista exige equilíbrio entre técnica e gestão. “Ser dentista não é apenas dominar a parte clínica, é liderar pessoas, processos e resultados. O consultório precisa ser visto como uma empresa, com áreas de finanças, marketing e atendimento estruturadas”, explica.
Com mais de 20 anos de experiência e à frente de unidades odontológicas próprias, Sabrina se consolidou como referência na formação de dentistas empreendedores. Em sua avaliação, a mudança de mentalidade é essencial para garantir o crescimento sustentável do setor. “Quem entende seus números, precifica corretamente, treina sua equipe e acompanha indicadores de desempenho tem previsibilidade e controle. Sem isso, o consultório fica refém do improviso”, afirma.
Mercado em expansão exige gestão estruturada
O Censo da Odontologia 2024, elaborado pelo CFO em parceria com a Associação Brasileira da Indústria Médica, Odontológica e Hospitalar (ABIMO), aponta que 53% dos consultórios brasileiros ainda são generalistas, sem uma especialização predominante. Apenas 35% dos dentistas trabalham com convênios odontológicos, o que reforça a necessidade de diversificação e diferenciação de serviços.
De acordo com dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) e da ABIMO, o setor odontológico brasileiro movimenta cerca de R$ 38 bilhões por ano e deve manter crescimento médio de 13% até 2030, impulsionado pelo avanço da odontologia estética, das tecnologias digitais e do aumento do poder de consumo da classe média. No entanto, o sucesso desse movimento depende da capacidade de gestão dos profissionais.
Segundo o Sebrae, cerca de 60% dos consultórios odontológicos encerram atividades em até cinco anos, principalmente por falta de planejamento e de controle financeiro. “Não é a técnica que fecha clínicas, é a ausência de gestão. Muitos dentistas ainda confundem faturamento com lucro e não têm clareza sobre seus custos operacionais”, observa Sabrina.
Educação em saúde e papel social da odontologia
Além da necessidade de profissionalização administrativa, Sabrina reforça que a odontologia precisa resgatar seu papel educativo e social. Dados do Jornal da USP mostram que 41% das crianças de cinco anos no Brasil têm ao menos um dente com cárie não tratada, evidenciando uma lacuna nas ações de prevenção e conscientização sobre saúde bucal.
“Quando uma clínica promove campanhas educativas, distribui kits de higiene, realiza palestras em escolas ou publica conteúdos informativos nas redes, ela não está apenas fazendo marketing. Está formando gerações mais conscientes e criando uma relação de confiança com as famílias”, destaca Sabrina.
Ela defende que a responsabilidade social deve caminhar junto à estratégia empresarial. “A odontologia pode transformar vidas, mas para isso o dentista precisa compreender que sua atuação vai além do mocho. É também sobre educar, inspirar e construir hábitos de cuidado”, complementa.
Autonomia e liderança como motores do futuro
O avanço das redes e franquias odontológicas tem atraído profissionais que buscam suporte administrativo, mas, segundo Sabrina, o modelo exige cautela. “As franquias oferecem estrutura inicial e reconhecimento de marca, mas reduzem a autonomia e limitam a inovação. O dentista que entende de gestão tem liberdade para adaptar estratégias ao perfil da sua região e manter a identidade da própria clínica”, analisa.
Ela reforça que a verdadeira diferenciação está na liderança e na consistência. “Agenda cheia não é sinônimo de sucesso. O dentista precisa olhar para o lucro, para a qualidade do atendimento e para o desenvolvimento da equipe. Quando ele aprende a gerir, o negócio deixa de depender exclusivamente da sua presença física e passa a ter vida própria”, pontua.
Gestão e comunidade como caminhos de fortalecimento
Além de consultora e gestora, Sabrina lidera o Clube do Livro Além da Técnica, uma iniciativa voltada à formação de dentistas que desejam desenvolver visão de negócios e aprimorar a gestão de suas clínicas. O programa aborda temas como precificação, liderança, marketing, indicadores de desempenho e atendimento humanizado, sempre com base em experiências reais do cotidiano clínico.
“O crescimento não vem de fórmulas prontas, mas de consciência. O dentista que entende o próprio papel como empresário, e não apenas como técnico, constrói um negócio sólido, rentável e que contribui de forma genuína para a sociedade”, resume Sabrina.
Sobre Sabrina Balkanyi
Sabrina Balkanyi é dentista formada pela USP, empresária e mentora de dentistas. Há mais de 20 anos dedica-se a construir uma odontologia humana, com foco em transformar vidas por meio de sorrisos. Seu propósito é formar profissionais que, além de excelentes clínicos, também sejam grandes empresários da própria trajetória. Hoje atua 100% na gestão de suas unidades odontológicas, liderando áreas como estratégia, finanças, vendas, captação de pacientes e marketing. Também desenvolve produtos digitais cursos, mentorias, imersões e o Clube do Livro Além da Técnica, voltado a dentistas e profissionais autônomos que desejam fortalecer a gestão de seus negócios.
Para mais informações, visite o site oficial, Linkedin ou o Instagram.
AI


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