Após cinco anos, Mato Grosso volta a confirmar casos de sarampo, infecção altamente contagiosa e que já foi uma das principais causas de mortalidade infantil.
A confirmação foi feita pela Secretaria Municipal Saúde de Primavera do Leste (a 240 km de Cuiabá).
Até então, o último caso confirmado da doença foi em Lucas do Rio Verde (354 km ao Norte de Cuiabá), em 2020.
Em nota, a Saúde da cidade informou que dois pacientes tiveram o resultado positivo por sorologia para o sarampo.
Também apresentam sinais clínicos e vínculo epidemiológico compatíveis com a doença.
“Reforçamos que a situação está sob controle. Trata-se de casos importados (aqueles em que a infecção ocorreu fora do país) e ações de monitoramento seguem em andamento”, destacou a pasta, em nota.
O órgão municipal afirmou ainda que os dois casos já estão fora do período de transmissão e foi realizado o bloqueio vacinal dos familiares, conforme os protocolos de segurança estabelecidos pelo Ministério da Saúde (MS).
Procurada pela reportagem do DIÁRIO, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) afirmou que, com a reintrodução do sarampo no Brasil, tem realizado diversas ações de prevenção à doença no território mato-grossense.
“Os pacientes infectados (de Primavera) não tinham registros de vacina, fizeram viagem recente à Bolívia e tiveram contato com pessoas que estavam com sarampo”, informou por meio da assessoria.
Para a condução da situação, equipes do órgão estadual e do Ministério da Saúde irão se deslocar para acompanhar o manejo dos pacientes in loco e fortalecer as ações em torno da comunidade afetada.
“Não é de hoje que nossas equipes estão atentas à questão do sarampo. No segundo semestre de 2025, já realizamos capacitações de profissionais da atenção primária, intensificação das ações em regiões de fronteira com a Bolívia e a implementação da dose zero contra o sarampo para todo o Estado de Mato Grosso”, disse a superintendente de Vigilância em Saúde da SES, Alessandra Moraes.
A Prefeitura de Primavera reforçou ainda que a principal estratégia para o controle da doença é a vacinação.
“Neste momento, é essencial que a população esteja com a sua situação vacinal atualizada com as doses necessárias conforme preconizado, sobretudo para as crianças menor de dois anos que precisam de duas doses para garantir a proteção adequada, a cobertura da segunda dose está em 80%. Ou seja, abaixo da cobertura ideal”, disse Mônia Maia, coordenadora de Vigilância Epidemiológica.
O índice preconizado é acima de 95%.
No Estado, confirme painel da SES-MT, a cobertura da tríplice viral (1ª dose) é de 87,44%, neste ano.
Vale destacar que a dose zero é destinada às crianças entre 6 e 11 meses e 29 dias.
O público entre 6 e 8 meses e 29 dias recebe a vacina dupla viral (sarampo e rubéola), já quem tem mais de 9 meses é imunizado com a tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba).
A imunização extra segue uma recomendação do Ministério da Saúde e não substitui as doses do calendário vacinal de rotina, que devem ser mantidas aos 12 e 15 meses.
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A dose zero representa, portanto, uma proteção antecipada diante do atual cenário.
“Um adulto sem registro de doses contra o sarampo ou com esquema incompleto deve procurar um posto de saúde para completar o esquema vacinal.
De 1 ano a 29 anos, são recomendadas duas doses; já de 30 a 59 anos, é recomendada uma dose.
Pessoas com mais de 60 anos não podem receber novas doses da vacina”, orientou a SES-MT.
Neste ano, até o momento, já foram notificados 63 casos suspeitos de sarampo em Mato Grosso.
Destes, 48 foram descartados, 13 permanecem em investigação, além dos dois confirmados em Primavera do Leste.
O Estado permaneceu mais de duas décadas sem casos confirmados deste tipo de enfermidade, com os últimos registros entre 1998 e 1999.
Em 2020, houve um caso isolado em Lucas do Rio Verde, de uma criança de 7 meses que se recuperou após hospitalização.
O QUE É - De acordo como Ministério da Saúde, o sarampo é uma doença infecciosa altamente contagiosa, que já foi uma das principais causas de mortalidade infantil em todo o mundo.
Apesar dos avanços significativos no controle e prevenção por meio da vacinação, o sarampo ainda representa um desafio para a saúde pública, especialmente em regiões com baixas taxas de imunização.
A transmissão do vírus do sarampo ocorre de pessoa a pessoa, por via aérea, ao tossir, espirrar, falar ou respirar.
O sarampo é tão contagioso que uma pessoa infectada pode transmitir para 90% das pessoas próximas que não estejam imunes.
No entanto, a doença é prevenível por vacinação.
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