O mercado brasileiro de trigo encerrou a semana em compasso de espera, marcado por baixa liquidez e preços praticamente estáveis. A pressão da safra nova e a competitividade do trigo importado seguem influenciando o cenário.
De acordo com o analista de Safras & Mercado, Evandro Oliveira, os moinhos estão relativamente abastecidos e sem pressa para recompor estoques. “A combinação de resistência dos vendedores, produtos importados mais baratos e expectativa de safra nova mantém o mercado travado, com tendência de preços pressionados no médio prazo”, explica.
Diferenças de preços entre estados
No Paraná, a safra nova é cotada entre R$ 1.300 e R$ 1.330/t FOB interior e R$ 1.360 a R$ 1.400/t CIF moinhos. A pedida firme de R$ 1.400/t pelos produtores limita os negócios. A safra velha registra paridade semelhante, com valores entre R$ 1.350 e R$ 1.400/t CIF.
No Rio Grande do Sul, a safra velha é negociada a R$ 1.250/t FOB interior, média de R$ 1.255/t, abaixo dos preços paranaenses. Já a safra nova apresenta operações futuras entre R$ 1.150 e R$ 1.160/t, refletindo expectativas de maior pressão de preços no segundo semestre. “As divergências entre compradores e vendedores limitam o fechamento de negócios”, acrescenta Oliveira.
Condições das lavouras e riscos climáticos
O desenvolvimento das lavouras segue favorável, mas metade das áreas gaúchas ainda enfrenta risco de giberela, além de incertezas climáticas nas próximas semanas.
O relatório semanal da Emater-RS indica que 46% das lavouras estão em desenvolvimento vegetativo, 32% em floração e 22% em enchimento de grãos. A alternância entre dias ensolarados e períodos de alta umidade, com precipitações em algumas regiões, favoreceu o crescimento vegetativo e a progressão para fases reprodutivas.
Apesar das boas condições, o excesso de umidade aumentou a incidência de manchas foliares, ferrugem e oídio, exigindo aplicações preventivas de fungicidas, especialmente nas lavouras com maior potencial produtivo.
Safra 2024/25 no Paraná
Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/PR), até 15 de setembro, a colheita atingiu 25% da área plantada, que totalizou 832,8 mil hectares — 27% menor que os 1,134 milhão de hectares de 2023/24.
As condições das lavouras permanecem majoritariamente boas: 85% boas, 12% médias e 3% ruins. O desenvolvimento está distribuído entre crescimento vegetativo (5%), floração (15%), frutificação (31%) e maturação (49%).
O Deral projeta uma produção de 2,608 milhões de toneladas para 2024/25, aumento de 13% em relação às 2,305 milhões de toneladas da safra anterior. A produtividade média deve alcançar 3.137 kg/ha, frente aos 2.068 kg/ha registrados em 2023/24.
Pressão das importações mantém mercado restrito
O trigo importado, cotado entre R$ 1.350 e R$ 1.400/t CIF, segue competitivo em relação ao produto nacional. Com o dólar a R$ 5,30, a paridade de importação continua favorecendo o produto externo e limitando reação de preços internos.
No curto prazo, Oliveira projeta estabilidade nos preços, mas com espaço para maior pressão baixista à medida que a colheita avance e as importações continuem definindo a referência para os moinhos.
Fonte: Portal do Agronegócio
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