Pais e responsáveis têm papel decisivo para garantir que crianças e adolescentes estejam protegidos contra o HPV.
Quando o assunto é saúde, o cuidado começa dentro de casa. Vacinar meninos e meninas contra o HPV é mais do que uma decisão individual: é uma forma de proteger toda a família e evitar doenças graves no futuro. Em Rondônia, a vacina está disponível gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pode salvar vidas.
O público prioritário são meninas e meninos de 9 a 14 anos, faixa em que a resposta imunológica é mais eficaz. Além disso, o Ministério da Saúde já anunciou que adolescentes de 15 a 19 anos também podem receber o imunizante até o fim de 2025.
Segundo a responsável pelo Eixo Saúde da Família do Idomed e coordenadora do curso de Enfermagem da Estácio, Emanoela Sousa, a definição dessa faixa etária tem um motivo claro. “É essencial que as vacinas cheguem até meninos e meninas entre 9 e 14 anos, porque nessa fase especial de vida, as crianças ainda não iniciaram a vida sexual, aumentando a resposta da prevenção”, explica.
Apesar de ser uma vacina segura e eficaz, a adesão ainda enfrenta obstáculos culturais e de desinformação. Muitos pais e mães têm receio de vacinar os filhos. Para Emanoela, esse é um dos maiores entraves. “Nós temos um grande desafio em relação à vacinação contra o HPV, porque muitos pais e mães entendem que vacinar contra o HPV é um estímulo para relações sexuais. E muito pelo contrário: essas crianças e adolescentes que vão tomar a vacina estarão preparadas para, no futuro, quando iniciarem sua vida sexual, já estarem protegidas. A vacinação é medida promotora de saúde e não incentiva o início da vida sexual”, ressalta.
Embora os adolescentes sejam o foco da campanha, outros grupos também têm direito à vacina. “Mulheres e homens que convivem com HIV, pessoas imunocomprometidas entre 15 e 45 anos e usuários de PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) contra o HIV também podem se vacinar”, destaca a coordenadora.
Entenda a ligação entre o vírus e o câncer
O HPV é um vírus transmitido sexualmente que pode permanecer no organismo por anos sem apresentar sintomas. Essa característica faz com que muitas pessoas sequer saibam que estão infectadas, o que aumenta o risco de transmissão e de complicações no futuro.
“O HPV é o papiloma vírus humano. Ele transmite infecção sexualmente transmissível, causando verrugas genitais e, muitas vezes, essas lesões estão associadas ao câncer do colo do útero, do ânus, do pênis, da boca e da garganta. No mundo estão catalogados mais de 200 tipos de vírus do HPV. É uma infecção que, na maioria das pessoas, não têm sintomas e pode ficar latente durante meses ou anos sem se manifestar”, explica Emanoela.
Além das manifestações clínicas visíveis, existem também lesões chamadas subclínicas, que não podem ser percebidas a olho nu, mas elevam o risco de evolução para o câncer.
“Esses tipos de HPV causam um alto risco para o desenvolvimento da doença. Por isso é tão importante vacinar adolescentes. Tanto meninos como meninas devem tomar a vacina para se prevenir contra o vírus e contra a possibilidade de lesões cancerígenas”, reforça.
Desde a década de 1980, pesquisas científicas vêm confirmando a relação direta entre o HPV e o surgimento de diferentes tipos de câncer. Estima-se que, em mais de 95% dos casos de câncer de colo do útero, o vírus esteja presente.
A boa notícia é que a vacina tem se mostrado altamente eficaz para impedir a infecção e, com isso, reduzir drasticamente o risco de desenvolvimento de tumores. Experiências internacionais comprovam o impacto positivo: em países como a Austrália, que já alcançaram alta cobertura vacinal, foi registrada uma queda expressiva nas lesões pré-malignas que antecedem o câncer.
Serviço: Em Rondônia, a vacina contra o HPV está disponível gratuitamente em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Para receber a dose, basta levar o cartão de vacinação.
Jéssica Gatti, Jornalista - Agência Eko
0 Comentários