Em casais portadores de variante no gene SMN1 (também denominados portadores assintomáticos ou heterozigotos), que é a causa desta doença degenerativa, uma das estratégias para planejamento reprodutivo inclui análise genética de uma biópsia do embrião gerado no tratamento de Fertilização In Vitro (FIV) associado ao Teste Genético Pré-Implantacional para Doenças Monogênicas (PGT-M) antes de ser transferido ao útero materno
A Atrofia Muscular Espinhal (AME) é uma doença genética rara, hereditária e de caráter degenerativo. Trata-se de uma condição monogênica autossômica recessiva, causada por mutações bialélicas no gene SMN1 (Survival Motor Neuron 1), localizado no cromossomo 5. Esse gene é responsável pela produção da proteína SMN, essencial para a sobrevivência dos neurônios motores.
A ausência ou deficiência grave dessa proteína leva à degeneração progressiva dos neurônios motores, resultando em fraqueza muscular progressiva que compromete funções básicas como respirar, engolir e se movimentar. A forma mais comum e grave da doença, a AME tipo 1, geralmente se manifesta nos primeiros meses de vida e pode evoluir rapidamente, com taxa de mortalidade superior a 90% antes dos dois anos de idade, se não houver tratamento adequado.
Por se tratar de uma condição autossômica recessiva, a doença se manifesta apenas quando a criança herda duas cópias alteradas do gene, uma de cada genitor. Quando dois adultos são portadores de mutações no gene SMN1, há um risco de 25% a cada gestação de que o filho(a) herde ambas as cópias mutadas e desenvolva a AME.
O Dia Nacional da Pessoa com Atrofia Muscular Espinhal (AME), em 8 de agosto, foi instituído para emponderar casais e famílias com informações variadas sobre a condição e o planejamento reprodutivo, é uma delas. O PGT-Mé uma ferramenta disponível para o casal portador assintomático heterozigoto que teve previamente um filho acometido por AME ou que conheceu seu estado de portado previamente antes de engravidar.
A geneticista Taccyanna Mikulski, da Igenomix na América Latina, do Vitrolife Group, explica que os futuros genitores que sabem que são portadores da doença podem, ter o embrião analisado antes que ele seja transferido ao útero materno. “É possível selecionar um embrião que não apresente as variantes genéticas familiares de risco. Ainda, por meio da mesma biópsia embrionária, realizar o estudo para alterações de cromossomos que estão fortemente relacionadas as perdas gestacionais ou falhas de implantação.”, afirma.
Apesar de ser causada por um único gene, a Atrofia Muscular Espinhal (AME) apresenta quatro tipos clínicos, classificados conforme a idade de início dos sintomas e a gravidade do comprometimento motor. As formas mais comuns são a AME tipo 1 e a AME tipo 2.
A AME tipo 1 é a mais frequente e a mais grave, com início geralmente nos primeiros três meses de vida. Nesses casos, os bebês apresentam tônus muscular muito reduzido, dificuldades para sugar, engolir e respirar, e raramente conseguem sustentar a cabeça ou sentar sem apoio. Já a AME tipo 2 costuma se manifestar entre os 6 e 12 meses de idade, com sintomas de menor gravidade, embora ainda envolvam atraso motor significativo e necessidade frequente de suporte.
“Casais que compartilham mutações no mesmo gene têm até 25% de chance de transmitir a doença a cada gestação. Por isso, identificar esse risco com antecedência é uma ferramenta poderosa de planejamento”, destaca Taccyanna.
Nos últimos anos, o avanço dos testes genéticos ampliou o acesso à prevenção de doenças hereditárias. Além do estudo dirigido para detecção de alterações no gene da AME, o painel ampliado de portadores analisa dezenas ou até centenas de genes associados a outras doenças genéticas graves e silenciosas, como fibrose cística, síndrome do X frágil e beta-talassemia.
Como funciona o PGT-M?
O PGT-M é uma técnica que permite identificar embriões geneticamente saudáveis antes da gestação. Embora o teste para Atrofia Muscular Espinhal (AME) seja amplamente utilizado, ele exige o desenvolvimento de uma sonda personalizada, feita sob medida para cada família.
Essa sonda é construída com base na análise do DNA dos futuros pais e, em alguns casos, também de outros familiares, conforme a orientação do geneticista após o aconselhamento genético. Isso permite rastrear com alta precisão qual embrião não herdou as mutações patogênicas no gene SMN1 e, portanto, tem risco reduzido de desenvolver a doença.
“O PGT-M é indicado principalmente para casais em tratamento de reprodução assistida, mas também pode — e deve — ser considerado por qualquer pessoa que deseja planejar a gravidez de forma consciente e informada”, reforça Taccyanna.
Como saber se o parceiro é portador?
Para identificar se o casal compartilha variantes patogênicas nos mesmos genes, utiliza-se o Teste de Compatibilidade Genética (CGT) — também chamado de Painel de Portadores.
Esse exame analisa o DNA de ambos os parceiros por meio de uma amostra de sangue e utiliza a tecnologia de sequenciamento de nova geração (NGS), que permite avaliar simultaneamente dezenas ou centenas de genes associados a doenças genéticas recessivas, como a AME.
Se o teste revelar que os dois são portadores de mutações no mesmo gene, como o SMN1, o casal passa a ter um risco genético conhecido — e pode então receber aconselhamento genético personalizado e discutir opções como o PGT-M, antes de iniciar uma gestação ou um tratamento de reprodução assistida.
Sobre a Igenomix – O Igenomix é um laboratório de biotecnologia que ajuda no sucesso dos tratamentos de Reprodução Assistida, diagnóstico e prevenção de Doenças Genéticas parte do Vitrolife Group. Juntamente com clínicas e médicos em todo o mundo, investiga como a medicina de precisão, por meio da genômica, pode salvar vidas. Atuante em mais de 80 países, conta com 20 laboratórios genéticos. Com mais de 500 publicações científicas e seis patentes, é um importante produtor de ciência em saúde reprodutiva e genética.
Sobre o Vitrolife Group – Vitrolife Group é um fornecedor global líder mundial de dispositivos médicos e serviços de testes genéticos. Atua no mercado de saúde reprodutiva desde 1994, e em 2021, adquiriu o Igenomix, com o objetivo de apoiar clientes e pacientes em todo o mundo para melhorar os resultados reprodutivos.
SENSU Consultoria de Comunicação
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