Instituto Oncoguia reforça a importância do vínculo e da informação para superar a solidão no tratamento oncológico

A Organização Mundial da Saúde (OMS) acaba de divulgar um relatório inédito que reconhece a solidão e o isolamento social como riscos reais à saúde pública, com impactos comparáveis aos do tabagismo e da obesidade. Esses fatores estão diretamente ligados a doenças como depressão, ansiedade, problemas cardíacos e até ao aumento da mortalidade precoce. Quando combinados ao diagnóstico de câncer, seus efeitos podem se tornar ainda mais graves e profundos. 

Para muitas pessoas com câncer, a jornada é marcada por afastamento dos amigos, dificuldade em compartilhar dores e medos ou, simplesmente, pela sensação de que não existem espaços seguros para falar sobre o que estão vivendo.

“A solidão do câncer é silenciosa, mas real. E precisa ser enfrentada com informação, cuidado e vínculo”, afirma Luciana Holtz de Camargo Barros, psico-oncologista e presidente do Instituto Oncoguia, organização que atua há 15 anos no acolhimento e defesa dos direitos dos pacientes com câncer no Brasil.

Pensando nisso, o Oncoguia reuniu sete orientações para ajudar pacientes, familiares e amigos a enfrentar a solidão durante a jornada do câncer:

  1. Fale sobre o que sente e procure quem escute
    Guardar para si medos, dores e incertezas aumenta o peso emocional. Buscar espaços de escuta ativa – como grupos de apoio, profissionais de saúde mental ou serviços de acolhimento – pode ajudar a organizar os pensamentos e reduzir o sentimento de isolamento.

  2. Conecte-se com outras pessoas que estão passando pela mesma situação
    Muitos pacientes sentem que ninguém realmente entende o que estão vivendo. Conversar com pessoas que também enfrentam o câncer traz identificação genuína, ajuda a validar sentimentos e gera aprendizados valiosos sobre o dia a dia do tratamento.

  3. Valorize os pequenos gestos de conexão
    Uma ligação, um áudio, uma mensagem simples ou até um convite para caminhar no quarteirão podem fazer diferença. Pequenas interações no cotidiano ajudam a manter vínculos afetivos que fortalecem a saúde mental.

  4. Participe de grupos de apoio ou rodas de conversa
    Grupos mediados por profissionais oferecem espaço seguro para partilhar medos e conquistas, além de dicas práticas sobre o tratamento e autocuidado. O sentimento de pertencimento reduz a solidão e cria redes de proteção emocional.

  5. Peça ajuda sem culpa ou vergonha
    Muitas pessoas evitam pedir ajuda por medo de parecerem frágeis. Mas nomear suas necessidades e compartilhar com pessoas de confiança faz parte do autocuidado e fortalece tanto o paciente quanto sua rede de apoio.

  6. Busque informações seguras sobre a doença e o tratamento
    Ficar sozinho com dúvidas aumenta a ansiedade. Ter acesso a informações claras sobre exames, tratamentos e direitos do paciente traz segurança para lidar com o diagnóstico e reduz o sentimento de vulnerabilidade.

  7. Lembre-se: você não está sozinho(a)
    Em muitos momentos, a solidão parece inevitável. Mas existem pessoas e organizações que trabalham diariamente para caminhar junto com quem enfrenta o câncer, oferecendo apoio emocional, jurídico, psicológico e informações confiáveis.

Segundo o Oncoguia, conectar-se com outros pacientes, buscar apoio profissional e garantir acesso à informação confiável são atitudes essenciais para enfrentar não apenas o tratamento, mas também o sentimento de isolamento, que impacta diretamente a saúde mental e emocional de quem vive com câncer.

Sobre o Instituto Oncoguia

O Oncoguia é uma organização da sociedade civil fundada em 2009 que atua para garantir os direitos, o acesso à informação e o acolhimento emocional de pessoas com câncer no Brasil. Por meio de ações de apoio, advocacy e educação, o Instituto trabalha para que nenhum paciente enfrente o câncer sozinho.