Especialista em comunicação eleitoral e analista de veículos nacionais, Tavares aponta desgaste do governo Lula e avanço de um Congresso cada vez mais autônomo

Enquanto os holofotes globais se voltam para os conflitos no Oriente Médio, o Brasil vive uma tensão interna que, embora sem confrontos armados, preocupa especialistas em ciência política. Em artigo publicado nesta segunda-feira, o cientista político Elias Tavares descreve o cenário como uma verdadeira “guerra fria institucional”, protagonizada pelo Executivo e pelo Legislativo.

“Não temos tanques nas ruas, mas temos vetos presidenciais sendo derrubados por aliados, pautas econômicas desfiguradas por jabutis e uma base governista que já não garante fidelidade ao Planalto”, aponta Elias Tavares, conhecido por suas análises em veículos como Jovem Pan News e Correio Braziliense.

A mais recente demonstração dessa crise de governabilidade foi a rejeição de vetos presidenciais pelo Congresso, em uma proposta que pode resultar em um aumento de R$ 35 bilhões por ano nas tarifas de energia elétrica. Para Elias, o episódio expôs o esvaziamento político do governo e o fortalecimento de um Parlamento que hoje dita os rumos da agenda nacional. “É o retrato de um presidencialismo que sangra diante de um Congresso empoderado, que negocia mais do que governa”, afirma.

O cientista político vai além e traça um paralelo com a instabilidade geopolítica do Oriente Médio. “Assim como lá fora as alianças são frágeis e os interesses se impõem sobre os compromissos, aqui dentro governabilidade virou uma disputa de trincheiras disfarçada de coalizão”, avalia.

Tavares faz um alerta: o Brasil enfrenta um conflito institucional subterrâneo, capaz de corroer o sistema democrático por dentro. “É uma crise que não se declara, mas que está presente em cada articulação, em cada derrota camuflada como normalidade democrática”, conclui.



Sobre Elias Tavares


Cientista político especializado em comunicação eleitoral e marketing político. Atua como analista em veículos nacionais, preside uma empresa pública de tecnologia e mantém o blog eliastavares.com.br, onde publica reflexões estratégicas sobre política, governo e opinião pública.