Embora os tumores de próstata tenham, em geral, crescimento mais lento, há casos em que a doença apresenta comportamento mais agressivo. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) destaca que o câncer de próstata com metástase, com tratamento efetivo, também pode ter bom prognóstico 

O câncer de próstata é o mais comum nos homens no Brasil, excluindo os tumores de pele não melanoma. Em 2025, segundo projeção do Instituto Nacional de Câncer (INCA), são previstos mais de 71 mil novos casos no país — um aumento de 8,5% em comparação ao ano de 2022. Nesta semana, foi anunciado que o ex-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de 82 anos, foi diagnosticado com câncer de próstata agressivo, Gleason 9, com metástase nos ossos. Nos EUA, segundo o levantamento SEERs, do National Cancer Institutes (NCI), cerca de 8% dos casos de câncer de próstata no país são diagnosticados com metástase. 

O cirurgião oncológico Jayme Nobre, coordenador nacional da Comissão de Tumores Genito-urinários da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), afirma que identificar os sinais no começo são fundamentais para antecipar o diagnóstico e o início do tratamento. “Nos casos em que o câncer de próstata se espalha para os ossos, os sintomas costumam incluir dores ósseas, especialmente na região lombar, quadris e costelas, além de fraqueza, e, em alguns casos, sintomas urinários mais intensos. É fundamental que os homens com esses sinais busquem uma avaliação médica”, explica Nobre

O câncer de próstata costuma evoluir de forma silenciosa, por isso os check-ups anuais com exame de PSA e toque retal são fundamentais, assim como o protocolo de vigilância ativa. “Diagnosticar, por meio do rastreamento populacional, pode significar a diferença entre um tratamento localizado e um caso de metástase, com impacto direto na qualidade de vida”, afirma o cirurgião oncológico. Além da idade avançada, outros fatores aumentam o risco da doença, como histórico familiar, obesidade e ser negro — grupo que tem maior propensão à forma agressiva do tumor. “Também é fundamental adotar hábitos saudáveis, como evitar o tabagismo, praticar atividade física e manter uma alimentação equilibrada.”, exemplifica. 

Como tratar o câncer de próstata metastático?

Nos casos em que o câncer é diagnosticado em sua forma mais agressiva, com metástase, o tratamento visa reduzir os níveis de testosterona e melhorar a qualidade de vida.  Pode-se envolver cirurgia, radioterapia e hormonioterapia. “As estratégias incluem abordagens mais complexas, como bloqueio hormonal (hormonioterapia), radioterapia para alívio de sintomas e, em alguns casos, cirurgia de orquiectomia bilateral — procedimento que reduz drasticamente os níveis de testosterona, hormônio que alimenta o crescimento do tumor.”, explica Nobre. 

Embora os casos diagnosticados em Gleason 9 sejam vistos como uma forma mais agressiva da doença, o paciente pode ser sensível a hormônios, ou seja, um bom respondedor à hormonioterapia. A hormonioterapia, também conhecida como castração hormonal, consiste na administração de um tratamento que visa reduzir os níveis de testosterona, hormônio masculino que não está relacionado ao câncer, mas que alimenta o tumor. Quando a testosterona é inibida, muitas das células dependentes do hormônio morrem.  

Tratamento para câncer de próstata 

O tratamento para os pacientes com diagnóstico de câncer de próstata varia de acordo com a localização e o estágio da doença. Quando a doença é localizada — ou seja, só atingiu a próstata e não se espalhou para outros órgãos —, costuma-se fazer cirurgia e/ou radioterapia. Em alguns desses casos, pode ser adotada a proposta de vigilância ativa.

Como a escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada, de acordo com a avaliação médica, o cirurgião oncológico é um dos profissionais habilitados para o planejamento terapêutico e cirúrgico do câncer de próstata. De acordo com a SBCO, juntamente a uma equipe multidisciplinar, este especialista poderá definir qual é a melhor, mais segura e eficaz conduta para cada paciente.

Sobre a SBCO - Fundada em 31 de maio de 1988, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) é uma entidade sem fins lucrativos, com personalidade jurídica própria, que agrega cirurgiões oncológicos e outros profissionais envolvidos no cuidado multidisciplinar ao paciente com câncer. Sua missão é também promover educação médica continuada, com intercâmbio de conhecimentos, que promovam a prevenção, detecção precoce e o melhor tratamento possível aos pacientes, fortalecendo e representando a cirurgia oncológica brasileira. É presidida pelo cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro (2023-2025).

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