Para Jhonny Martins, vice-presidente do SERAC, sem planejamento tributário e controle financeiro, o crescimento pode virar armadilha

Segundo o último levantamento do Mapa de Empresas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (2024), o Brasil registrou mais de 3,8 milhões de novas empresas abertas entre janeiro e dezembro. No entanto, a taxa de mortalidade segue elevada: cerca de 1,4 milhão foram encerradas no mesmo período.

Em São Paulo, estado com o maior número de empresas ativas no país, 23,7% dos negócios encerram as atividades em até dois anos, conforme dados do Sebrae-SP.

Para Jhonny Martins, contador, advogado e vice-presidente do SERAC, os principais fatores que levam ao fechamento precoce estão ligados à má gestão financeira, à ausência de planejamento tributário e ao descontrole dos custos operacionais. “O empreendedor acredita que está prosperando por vender mais, mas não percebe que está diluindo margem, gerando passivo fiscal e consumindo caixa com ineficiência”, alerta Martins.

Embora o aumento do faturamento, a conquista de novos clientes e a expansão territorial sejam comemorados como sinais de sucesso, o especialista alerta para os riscos invisíveis que acompanham esse crescimento. “Sem controle de fluxo de caixa, planejamento tributário e leitura de indicadores, a empresa cresce para fora e implode por dentro”, afirma.

Erros financeiros comuns e suas consequências

Entre os equívocos mais recorrentes em empresas em fase de expansão, Jhonny Martins destaca a ausência de separação entre finanças pessoais e empresariais, a falta de controle diário do fluxo de caixa e a tomada de decisões baseada apenas no faturamento, desconsiderando a lucratividade. “O empresário costuma confundir dinheiro em caixa com lucro. Essa miopia operacional compromete o planejamento e a sustentabilidade do negócio”, explica.

Outro erro frequente é expandir a operação sem reavaliar a carga tributária. Martins observa que muitas empresas mantêm regimes fiscais inadequados ao novo porte da organização. “O resultado são impostos mais altos do que o necessário e risco de autuações por desenquadramento fiscal.”

Para evitar esses gargalos, o executivo recomenda a implementação de uma gestão financeira profissionalizada, ainda que em pequena escala. “Não é preciso começar com um CFO, mas é essencial contar com uma contabilidade ativa, ferramentas de controle e relatórios periódicos que apontem margem de contribuição, ticket médio, inadimplência e ponto de equilíbrio”, orienta.

O planejamento tributário também deve ser tratado como parte da estratégia de crescimento. “Análises periódicas podem gerar economia relevante e prevenir surpresas com o Fisco. Cada novo produto, serviço ou expansão geográfica deve vir acompanhado de uma avaliação tributária específica”, pontua.

Além disso, Martins reforça que os indicadores financeiros não devem servir apenas para monitoramento, mas precisam embasar decisões estratégicas. “Não existe crescimento sustentável sem dados. Negócios que escalam com base em feeling correm o risco de afundar justamente quando parecem prosperar.”

Sete erros que comprometem empresas em crescimento — e como evitá-los

De acordo com Jhonny Martins, estes são os principais equívocos que levam empresas promissoras ao fechamento prematuro:

  1. Misturar finanças pessoais com empresariais
    Como evitar: Mantenha contas separadas e formalize o pró-labore. Evite retiradas informais do caixa.

  2. Ausência de controle de fluxo de caixa diário
    Como evitar: Use ferramentas de gestão para acompanhar entradas e saídas em tempo real.

  3. Decisões baseadas apenas no faturamento
    Como evitar: Analise margem de contribuição, custos fixos e ponto de equilíbrio antes de ampliar operações.

  4. Negligência no planejamento tributário
    Como evitar: Reavalie periodicamente o regime tributário e adeque-o ao porte e à atividade da empresa.

  5. Expansão sem revisão da carga fiscal
    Como evitar: Consulte especialistas a cada alteração no escopo, faturamento ou modelo de operação.

  6. Desconsiderar indicadores financeiros como base de decisão
    Como evitar: Monitore métricas como inadimplência, ticket médio e lucratividade com regularidade.

  7. Falta de estrutura mínima de gestão financeira
    Como evitar: Tenha uma contabilidade atuante e relatórios consistentes, mesmo em empresas de menor porte.

Empresas que adotam uma gestão orientada por números e mantêm previsibilidade financeira têm maior poder de negociação com fornecedores, acesso a crédito mais competitivo e são mais atrativas para investidores. “A organização financeira não apenas protege o negócio em tempos de crise, como também valoriza a empresa no mercado. Em um ambiente altamente competitivo, ela é um ativo invisível, mas decisivo”, conclui Jhonny Martins.

 

Sobre o SERAC & BHub

O SERAC é referência nacional em contabilidade, educação e gestão corporativa e BHub, startup especializada em soluções tecnológicas de backoffice. Com mais de 10 mil clientes e presença em todo o território nacional, essa união visa transformar o setor contábil por meio de automação, formação e parcerias estratégicas.  Instagram: @sou_serac ou pelo site souserac.com.

 

Sobre Jhonny Martins




Jhonny Martins é contador e advogado pela PUC-SP com especialização em Direito do Trabalho pela Faculdade de Direito Damásio de Jesus, com MBA em Gestão Empresarial pela FGV-SP e MBA em Gestão Tributária pela USP. É vice-presidente do SERAC, um hub de soluções corporativas. Instagram @jhonnymartins