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Cirurgia bariátrica: Para quem é indicada e quais os cuidados


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A cirurgia bariátrica é considerada quando dieta, exercícios e tratamento medicamentoso não são suficientes para proporcionar uma perda de peso significativa em uma pessoa com obesidade e sérios problemas de saúde relacionados ao excesso de peso.

P U B L I C I D A D E

Nestes casos, a cirurgia pode ser a melhor opção para uma redução de peso mais consistente, com mais rapidez e menor risco de reganho de peso. A consequência, explica Dr. Daniel Lerario, clínico geral e endocrinologista, é que, tratando a obesidade, as doenças associadas ao excesso de peso também melhorarão notoriamente.

“Os índices de sucesso da cirurgia bariátrica são elevados, o que explica o número crescente destes procedimentos tanto no Brasil como no resto do mundo. No entanto, se trata de uma cirurgia que requer importantes adaptações comportamentais e aderência por parte do paciente. A experiência prática tem mostrado de modo inequívoco que o êxito do tratamento depende muito de cuidados meticulosos antes, durante e após a cirurgia”.

Os tipos de cirurgia

Existem diversos tipos de cirurgia bariátrica, sendo os mais comuns:

Bypass gástrico ou Gastroplastia: o cirurgião corta o estômago “construindo” um “novo pequeno estômago”, que é ligado diretamente ao intestino. Por este caminho, seguirá a alimentação. Os alimentos não passarão mais por grande parte estômago e duodeno, que terão apenas o papel de produzir os sucos digestivos que “encontrarão” os alimentos mais adiante para realizar a digestão. Os mecanismos de perda de peso envolvem menos fome e mais saciedade, como consequência de restrição mecânica e ajustes hormonais. O método promove, em média, uma redução de 30 a 40% do peso inicial.

Gastrectomia vertical (ou cirurgia de Sleeve): diferentemente do Bypass, que cria um “atalho” para os alimentos sem a remoção de órgãos, aqui é retirada uma parte do estômago, porém sem alterar a ligação do estômago ao intestino. A pessoa fica com 20% da capacidade do estômago original e, com isso, tem saciedade com menos alimentos. A possibilidade de perda de peso é menor, em média 20 a 30% do peso inicial.

Derivação biliopancreática (duodenal switch): Cirurgia bem menos utilizada que as outras duas acima, por apresentar maior índice de complicações, especialmente deficiências nutricionais. São retiradas uma parte do estômago e do intestino, reduzindo a absorção de nutrientes dos alimentos e consequentemente das calorias. A técnica permite a perda de até 40 a 50% do peso inicial e pode ser considera para pessoas com níveis muito acentuados de obesidade.

Segundo o Dr. Daniel Lerario, a escolha do tipo de cirurgia dependerá de diversos fatores e será realizada pelo médico cirurgião em conjunto com o paciente.

“Serão levados em consideração fatores como índice de massa corporal, hábitos alimentares, problemas de saúde, cirurgias anteriores e os riscos associados a cada procedimento.”

Como em qualquer cirurgia, o especialista explica que, independentemente do tipo, sempre haverá riscos e efeitos colaterais.

“Por isso, é importante que seja acompanhada de mudanças permanentes na dieta e incorporação de atividade física regular. Estas medidas auxiliarão a garantir o sucesso em longo prazo e a manutenção do peso após atingido o objetivo”.

Por que fazer?

A cirurgia bariátrica geralmente é feita depois que outras abordagens para a perda de peso não tenham sucesso. O objetivo da cirurgia não é apenas a perda de peso, mas especialmente a redução do risco de problemas de saúde graves relacionados ao peso, que já existem ou estão com chances aumentadas de se desenvolver. É o caso de:

• Hipertensão arterial

• Apneia do sono

• Diabetes tipo 2

• Doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA)

• Acidente Vascular Cerebral (AVC) e outras doenças cardíacas

Indicações

A cirurgia bariátrica poderá ser indicada nos seguintes casos:

• Índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 40 (obesidade grau 3)

• IMC entre 35 e 39,9 (obesidade grau 2) e sérios problemas de saúde relacionados ao peso, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial ou apneia do sono grave

É necessário atender a rigorosas diretrizes médicas para se qualificar para a cirurgia. Para isso, todo paciente com possível indicação de cirurgia bariátrica atravessará um detalhado processo de triagem para verificar se está qualificado, bem como deverá realizar mudanças permanentes em busca de uma rotina de vida mais saudável.

Também faz parte do processo o acompanhamento multidisciplinar, que deve ser iniciado ainda antes da cirurgia. O cirurgião que acompanha o paciente orientará sobre os demais profissionais que participarão da equipe, que costuma incluir: endocrinologista, nutricionista, psicólogo e fisioterapeuta.

Após a cirurgia bariátrica

Após a realização da cirurgia bariátrica, o Dr. Daniel alerta que alguns cuidados serão necessários para que a recuperação aconteça de maneira satisfatória. Entre eles, uma reintrodução gradual dos alimentos, para a adequada cicatrização dos órgãos operados e adaptação digestiva.

“Nas primeiras semanas, uma dieta específica deverá ser seguida, primeiramente com líquidos, depois alimentos pastosos e, só então, serão incluídos alimentos sólidos. Neste período, haverá restrição quanto a quantidades e aquilo que será permitido comer e beber”.

Exames médicos periódicos serão solicitados para monitorar a saúde nos primeiros meses e verificar a eventual necessidade de incluir na rotina alguns suplementos nutricionais.

O ritmo e resultado final de perda de peso (até 2 anos após o procedimento) dependerão, além do tipo de cirurgia, do comprometimento do paciente com as orientações médicas e dos demais profissionais que o acompanharão.

Nas primeiras semanas de pós-operatório, os pacientes já notam melhora em diversos aspectos de sua saúde, como a redução da pressão arterial, melhora da apneia obstrutiva do sono, controle do diabetes e redução das dores nas articulações.

Apesar de toda a eficácia que a cirurgia bariátrica tem demonstrado para tratar a obesidade grave, especialmente em comparação com o tratamento clínico, é importante ressaltar que não se trata de um método de sucesso obrigatoriamente permanente.

“Tanto o peso como os problemas de saúde que estavam relacionados ao excesso de peso poderão voltar, mesmo que o procedimento tenha sido realizado corretamente e mostrado bons resultados em um primeiro momento”, afirma o especialista.

O reganho de peso poderá acontecer, cedo ou tarde, caso não haja mudanças de estilo de vida conforme recomendação dos profissionais que acompanham o paciente, como a prática regular de atividade física ou a manutenção de uma dieta alimentar equilibrada.

Assessoria

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